A expectativa era tanta. Não é todos os dias que um Presidente norte-americano pisa o solo de um país, seja ele africano, europeu ou até mesmo americano.
E ontem, quando o primeiro avião aterrou no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, houve quem já tivesse dito que se tratava de Joe Biden, o 47.º líder dos Estados Unidos da América, um antigo desafecto que agora pretende cimentar as suas relações com Angola.
Mas foi no segundo avião, cujas portas levaram mais de 20 minutos para se abrir, que estava o líder norte-americano, agora em fim de mandato, mas que encerra assim a sua passagem pela Casa Branca com esta única visita de Estado que efectua no continente africano.
Com a segurança, saúde, defesa e economia como pano de fundo, Joe Biden reúne-se hoje, terça- feira, 3, com o Presidente João Lourenço, num encontro que ficará para a história como o momento de maior aproximação entre Angola e os Estados Unidos. Na realidade, as relações entre os dois países remontam há mais de quatro séculos.
Antes mesmo da existência de uma Angola independente, quando milhares de escravos na época colonial foram levados à força para os Estados Unidos, onde ajudaram a construir algumas das suas principais cidades, entre as quais Nova Iorque.
A visita esta tarde ao Museu da Escravatura, onde deverá fazer alguns pronunciamentos sobre a sua vinda a Angola, poderá servir também de tributo por parte de Joe Biden ao contributo destes angolanos há alguns séculos da edificação da maior potência do mundo.
Agora, em tempos de paz, ultrapassadas que parecem estar as quezilias do tempo de guerra fria, os norte-americanos pretendem também ajudar a erguer este vasto país chamado Angola. Não é em vão que, longe da anterior cooperação baseada unicamente no petróleo, agora surjam a construção de infra-estruturas, o Corredor do Lobito, as energias renováveis e até mesmo o intercâmbio cultural.
Hoje e amanhã, as partes começaram a edificar, através de acordos, as nuances desta nova fase, em que, apesar da presença de outros líderes da região, como os presidentes da RDC, Tanzânia e Zâmbia em Benguela, será em solo angolano que se vão alicerçar felizmente com o corredor do Lobito.
Não há dúvidas, como consideram os experts em relações internacionais, de que os países ou as relações fundam-se em interesses. Os Estados Uni- dos possuem os seus e Angola, que busca a diversificação da sua economia, também possui os seus, como se pode esperar, e são vários.
Então, que se encontre nesta fase mecanismos para que os apoios se reflictam na vida dos angolanos, contrariamente a muitos acordos num passado recente que a história hoje indica que acabaram, também, por beneficiar um punhado de aproveitadores.