Desde ontem, quinta-feira, 19, que milhares de brigadistas se puseram em campo para dar corpo ao censo populacional e de habitação 2024. Um exercício que ocorre 10 anos depois do último em 2014.
Como qualquer país no mundo, os números deste censo darão uma dimensão mais real do desafio que o Executivo tem pela frente, embora se saiba quais são os sectores que carecem de investimentos aprofundados no país.
Quase sempre, por mais investimentos em curso, tanto governantes como os governados não se cansam de mencionar a educação, saúde, habitação, segurança e tantos outros como autênticas prioridades.
Ainda ontem, já ao cair da noite, foram apre- sentados alguns resultados preliminares desta operação, que iniciou com o registo dos sem-tecto, ou seja, daqueles indivíduos que, por falta de habitação e não outras razões, acabaram por se fixar nas ruas.
E também foi dado a ver o registo da família presidencial, em pleno Palácio da Cidade Alta. São dois casos que demonstram o alcance do próprio processo, que deve abranger todos os angolanos, independentemente da condição social, económica, política e o credo.
Embora as brigadas ainda estejam no terreno – e os números finais só saberemos de- pois de algum tempo – é certo que houve um aumento da população, que anteriormente se cifrava em mais de 20 milhões e, daqui a dias, sabemos que estaremos acima dos 30 milhões.
Com uma crise às pernas, nos últimos anos, é voz ocorrente entre os demógrafos e estudiosos de economia que a população angolana vai crescendo a cada ano acima dos três por cento. Ou seja, mesmo com os problemas que vamos atravessando, há mais aumento populacional do que crescimento económico, o que coloca o país numa situação aflitiva.
Quanto mais cresce a sua população, mais necessidade há de se criarem condições socioeconómicas para atender os cidadãos em termos de saúde, educação, alimentação e segurança.
Apesar da enorme extensão do seu território, onde se acredita existirem enormes riquezas, Angola ainda não tem sido capaz de atender às necessidades de todos os seus filhos. Aliás, basta ver que, quanto mais escolas e outras infra-estruturas se constroem, mais aumenta ainda a procura.
Antes mesmo que o Executivo divulgue os resultados definitivos do censo, é avisado que estejamos igualmente preparados para o debate sobre a elevada taxa de natalidade que se tem observado. Muitos podem não estar preparados para esta discussão, mas, em surdina, já há quem defenda que se avance com medidas que promovam um crescimento não tão desarmonioso.