Cem dias depois de ter sido nomeado ministro da Juventude e Desportos, Rui Falcão Pinto de Andrade concedeu, no último domingo, uma grande entrevista à Rádio Cinco, onde abordou questões relacionadas com o seu pelouro, assim como outras ligadas ao seu próprio percurso político.
Frontal, como se conhece – aliás, sempre o demonstrou nas funções que exerceu, sendo as últimas os governos provinciais do Namibe, Benguela e o posto de secretário para a Informação do MPLA – o governante não só teceu crítica sobre o estado em que encontrou o ministério, como também apontou caminhos para aquilo que julga ser melhor para a instituição.
Gostaria imenso de me centrar nas questões ligadas ao desporto, devido à importância que representa para os países, sendo hoje uma importante fonte de receitas em todos os domínios.
Por exemplo, quem vê o Brasil hoje terá, certamente, uma luz sobre os montantes angariados pelos futebolistas e o impacto que estas receitas, em terras brasileiras e noutras, têm para este país em várias frentes.
A mim, durante a entrevista concedida pelo governante, chamou-me a atenção o facto de o ministro ter dito que são hoje milhares os jovens que já beneficiaram de financiamentos e fundos do Estado.
Na visão de Rui Falcão, agora se espera que estes façam alguma coisa com aquilo que lhes vai sendo dado. Angola vive, nos últimos tempos, uma crise socioeconómica acentuada.
Os níveis de desemprego acabam por ser assustadores e há, sobretudo, uma juventude que pensa que a solução está apenas longe da terra em que nasceram, o que vai fazendo com que nos últimos tempos um grande número de pessoas tende a viajar em busca de melhores condições de vida, enquanto os jovens deste mesmo país procuram em África condições para puderem melhorar as suas vidas.
Não há dúvidas de que muitos são os jovens que buscam, através da banca e de outras instituições, financiamentos para os projectos em que estão mergulhados, o que não tem sido possível.
Por outro lado, existem outros que vão conseguindo, embora se reconheça que nem todos consigam dar o devido proveito aos fundos que vão sendo disponibilizados.
Se muitos destes financiados pudessem dar um bom encaminhamento aos valores recebidos por parte do Estado, certamente que a esta hora haveriam mais postos de trabalho e menos indivíduos hoje mergulhados no desemprego, à espera de uma mão caridosa que lhes possa retirar do precipício em que se encontram.
Hoje, tal como temos observado, é da juventude onde saem mais queixas relacionadas às acções que o Executivo vai desenvolvendo.
Porém, à semelhança do que acontece noutras galáxias, seria também dos jovens onde pudessem sair mais ideias e projectos em que as autoridades se poderiam ancorar nestes tempos difíceis.
São vários os exemplos de jovens empreendedores que vão dando cartas todos os dias em diversos ramos de actividade.
Mas estes, seguramente, no leque de milhares avançados pelo ministro, devem ser uma parte insignificante se tivermos em conta que os milhares financiados podem, sim, significar igualmente milhares de projectos e postos de trabalho, o que, infelizmente, não acontece ainda. Quem sabe um dia…