Um dia antes de se comemorar a data alusiva ao início da luta armada, assinalada a 4 de Fevereiro, o MPLA reuniu, em Luanda, num espaço no Camama, os seus militantes, amigos e simpatizantes para o lançamento da agenda política para o presente ano.
Quem acompanha a política interna ou além -fronteiras saberá que o lançamento das agendas políticas reflectem aquilo que serão as linhas de força do partido no poder e dos que se encontram na oposição num determinado ano. Entre nós, não podia ser diferente. Aliás, não tem sido nos últimos anos, sobretudo naqueles em que se adivinham grandes pelejas políticas.
E Sábado coube ao líder dos camaradas apresentar as linhas de força, num discurso aberto e descontraído, onde, como tem sido típico, não faltou igualmente algumas alfinetadas aos seus concorrentes directos que, no pleito passado, conseguiram uma vitória satisfatória ao nível da capital do país. Num discurso que não esqueceu o desempenho da Selecção Nacional de futebol no CAN, ainda em curso na Cote D’Ivoire, o presidente do MPLA deixou patente a necessidade de Angola vencer.
Claro que já não nesta competição, mas noutros domínios, como o social, económico e o cultural, tendo como base os projectos existentes. Porém, um dos momentos mais marcantes do discurso de João Lourenço, com muita assertividade, foi quando se debruçou sobre a relação que se deve cimentar com a sociedade civil, assim como o facto de não se olhar unicamente para os que possuem ou ostentam os cartões do partido. Dizia o Presidente que ‘não podemos contar apenas com quem tem cartão do MPLA…
Temos de contar, conviver e trabalhar com todos os patriotas, verdadeiros patriotas que querem dizer juntamente connosco: Força Angola! Angola vai ganhar”. E disse mais: “e para fazer Angola ganhar tem que ser com todos, com todos os angolanos, independentemente das suas cores partidárias. Portanto, a mensagem clara que eu passo é esta: sairmos um bocado do nosso quintal. Andamos fechados no nosso quintal.
Precisamos transpor os muros do nosso quintal e trabalhar com todos aqueles que estão para além dos muros do nosso quintal’. Claro está que para muitos políticos, buscar opções fora do próprio circuito interno pode parecer um sacrilégio, mas hoje é o que mais acontece com frequência pelo mundo fora, apesar de as escolhas iniciais acabarem por ser feitas ao nível das próprias organizações políticas. É ponto assente que na sociedade civil existam organizações com as quais dificilmente se encontram entendimentos. Mas, isso não inibe que se busquem naquelas mais consensuais indicadores ou até mesmo personalidades que possam ajudar o Executivo a alcançar determinados objectivos.
Não é nenhuma heresia, por exemplo, dizer que um dos maiores e melhores projectos do Executivo, no caso o Kwenda, tem à frente o jovem Belarmino Jelembi, cuja trajectória está associada à ADRA. E os resultados no campo demonstram o comprometimento, a seriedade, patriotismo e a entrega que provavelmente muitos não o fariam como a equipa do Fundo de Apoio Social hoje o faz. E pior ainda por envolver muito dinheiro capaz de atiçar o olho gordo de muitos falsos patriotas que andam por aí escudados em ideais políticos que não defendem com racionalidade e patriotismo para o bem dos angolanos.