Um comunicado de imprensa do Hospital Américo Boavida, tornado público ontem, aponta praticamente o dedo a um médico estagiário como sendo um dos responsáveis pelo desaire que aconteceu a um outro jovem que acabou por perder a vida quando buscava ajuda médica.
Embora seja ponto assente que toda a equipa que se encontrava de plantão no momento em que um angolano dava o último suspiro à entrada deste importante estabelecimento hospital, a esta jovem uma mancha negra lhe é atribuído.
É provável que após às investigações em curso pelo Serviço de Investigação Criminal se chegue a um outro desfecho, porque neste país o excesso de orientações e do número de pessoas que mandam – ou pensar mandar- acaba por fazer chegar as informações ao último receptor de forma absolutamente mutilada.
Até às decisões finais, caso sejam apresentadas, estaremos aqui a aguardar. Porém, até lá muitas outras infraestruturas vão sendo abertas no país, incluindo na sua capital Luanda.
Algumas de pequeno porte, como os três centros de saúde inaugurados ontem em Cacuaco e outros maiores, entre os quais as unidades visitadas recentemente pelo Presidente da República, entre os quais o futuro Hospital dos Queimados, no Kilamba, e o Hospital Municipal de Viana, no Zango.
Estes estabelecimentos veem engrossar uma lista extensa que integra algumas obras feitas no âmbito central, no Programa de Investimento Público (PIP) e no Programa Integrado de Intervenção Municipal.
Em quase todos eles serão chamados jovens médicos, enfermeiros, motoristas, seguranças, gestores e outros profissionais, cuja missão será assegurarem um tratamento digno condigno aos angolanos ou aos cidadãos que escolheram Angola como terra para viverem e criarem os seus filhos.
As queixas em relação ao tratamento que muitos cidadãos recebem nos hospitais e outros estabelecimentos público já levam anos.
Só que elas se avolumam a cada ano que passa, havendo até cidadãos que hoje, jocosamente, brincam nas redes sociais para tentarem saber ‘se numa competição entre as tias que trabalham nas conservatórias, hospitais e outros órgãos públicos quem iria ganhar em termo de rabugentice’.
Apesar de irónico, o que se vai assistindo é que em muitos casos quanto mais e melhores condições forem criadas, os funcionários tendem a agir de modo contrário até mesmo àquilo que colocam nos cadernos reivindicativos que pomposamente apresentam.
Não se trata apenas de um sentimento que se assiste em relação aos quadros que labutam no sector de saúde, onde muitos de forma sacrificada se doam diariamente aos milhares de pacientes que atendem.
As queixas em relação ao péssimo atendimento estende-se a domínios em que, às vezes, se torna difícil perceber se aquelas pessoas que lá estão terão mesmo saído de casa no período da manhã ou tarde com intenção de irem prestar um determinado serviço.
A morte do jovem do Américo Boavida é apenas mais um no leque dos vários casos que acontecem ou estejam a ocorrer por este país a dentro.
Aconteceu no sector da saúde, onde durante alguns anos se colocou um prática um conhecido projecto de humanização.
Mas é preciso que se humanize outros sectores também, onde os seus profissionais há muito que vão deixando de lado a sua parte humana.
Não se trata de problemas de salários, fadiga, falta de meios ou até de condições de trabalho. Com vontade e pouco se pode fazer muito.
O que vamos assistindo é quase um descaso generalizado.