Circula, nos últimos dias, um vídeo de uma cidadã brasileira queixando-se do excesso de ‘chatices’ que os turistas sofrem por parte dos agentes da polícia sempre que se deslocam nas estradas nacionais, onde são interpelados constantemente por estes.
No caso desta cidadã, que parece não residir em Angola, sentiu um incómodo por causa dos vários postos de controlo existentes ao longo do percurso entre Luanda e Malanje, assim como o facto de os efectivos da Polícia Nacional, segundo ela, procurarem, constantemente, algum motivo para puderem sacar alguma coisa aos automobilistas.
Por mais que não se goste do conteúdo, a situação levantada tem sido, nos últimos tempos, levantada em muitos círculos, incluindo por outros automobilistas e até organizações que defendem os interesses dos camionistas.
E, por mais que se descure, estamos perante uma realidade que acaba, sim, por criar uma certa mossa, por estarmos numa fase em que se pretende alavancar a actividade turística no país, apresentada como sendo um ponto forte para a diversificação da economia nacional.
É incrível que no Brasil, o país em que cidadã é originária, também se possa observar algumas das situações por ela narrada, mas ainda assim não se pode olhar para o que vai acontecendo nas estradas angolanas como algo normal.
É ponto assente que não se deva deixar desguarnecidas as estradas nacionais, por causa dos elevados acidentes, pessoas desencartadas ou até mesmo as viaturas em mau estado técnico, mas isso não pode ser razão para que se exista um excesso de postos ou que os agentes tentem, a todo o custo, ir ao bolso de quem quer que seja.
É evidente que, ao longo dos tempos, tenha igualmente aumentado o leque de integrantes da Polícia Nacional mais zelosos e íntegros, mas não se pode descurar que outros não possuam sequer perfil para usarem a farda, nem tão pouco zelarem pela segurança dos angolanos e muito menos para quem venha de um outro ponto do mundo.
Ontem, já depois de ter iniciado este texto, surgiram informações que davam como certa a possibilidade de se retirar muitos dos postos de controlo instalado nas principais estradas nacionais, permanecendo aquelas situadas nas zonas limítrofes entre duas províncias.
Embora não aconteça pela primeira vez, porque já alguns responsáveis da Polícia Nacional defenderam e até implementaram tal medida no passado, deve-se, sim, aplaudir quem terá ordenado que se encerrassem os vários postos e pontos de estrangulamento.
É preciso não criar mais constrangimentos aos cidadãos, nem tão pouco fazer com que as pessoas fujam e desistam de viajar, porque quem, em princípio, deveria guardar se torna o principal carrasco.
Não sei se o desabafo da brasileira tenha estado na origem do que se decidiu. Mas cruzar os braços depois de ter ouvido o que ela disse não seria num bom presságio para os decisores.