Dei por mim, há dias, num reel de um apóstolo ou profeta de uma das igrejas apostólicas que hoje existem em Luanda e fiquei preso, durante vários minutos, por conta do que ele dizia.
Diferente de muitos pregadores hoje, que se aproveitam da inocência de muitos cidadãos para venderem a teologia da prosperidade, prometendo riquezas e outros bens aqui na terra, encontrei um discurso diferente que deveria merecer a atenção de todos.
Jovem e trajado de vestes brancas, o religioso escolheu o pessimismo como sendo o tema da sua pregação. Dizia ele que, por mais que se faça algo de positivo, em termos políticos, económicos e sociais, há sempre quem prefira deitar abaixo as iniciativas, cultivando o pessimismo no seio dos demais. Não se trata de nenhuma mentira.
Nem invenção. Os últimos tempos, não os bíblicos, claro, têm sido prenhes em discursos que visam desmoralizar os demais, até mesmo a pensarem positivo. Não sendo até padres, apóstolos, profetas ou seguidores de Cristo noutras vertentes, a verdade é que aumenta a cada dia que passa a percepção de quem pense que dependeremos de um Messias humano e político qualquer para que os nossos problemas encontrem solução numa só sentada.
A vida, ao longo dos anos, já demonstrou a muitos que é edificando ideias, projectos e partir para a prática que faz com que os projectos aconteçam. É assim em Angola, em África, na América e noutros pontos do mundo que as coisas se foram consolidando.
Diferente da época em que Cristo habitava fisicamente entre nós, não existirão soluções meteóricas para os nossos projectos e nem a versão que se quer passar de que tu- do que se pretende fazer não passa de meras operações de charme.
Era expectável que nesta fase do campeonato, em que se avolumam ainda as dificuldades sociais e económicas, que pudéssemos ser mais optimistas em relação ao futuro.
Porém, o dia-a-dia tem nos mostrado o contrário. Na dissertação do líder religioso, penso eu, usou como exemplo o facto de os norte-americanos, cujo líder deverá visitar o nosso país nos próximos dias, serem optimistas por excelência e patriotas sobretudo.
O amor que cultivam pelo país em que nasceram fazem com que acreditem piamente num futuro melhor para os seus cidadãos.
Dirão alguns que, se calhar, seja difícil agir do mesmo modo em Angola, devido aos posicionamentos e acções daqueles que nos deveriam levar para um caminho do optimismo puro: os nossos dirigentes, políticos e não só.
Mas, a grande verdade é que haverá sempre Angola, porque os dirigentes irão passar. Por isso, é sempre bom – e até saudável – olhar com otimismo para o futuro, e não pregar constantemente a cultura do pessimismo, como se depois da tempestade nunca viesse a bonança.