Ri bastante há dias quando vi um vídeo de um programa fala Angola em que o meu bom amigo Guilherme da paixão, num to irónico e ao mesmo tempo de preocupação, reproduz a conversa que teve com uma mamã zungueira, por conta do número de filhos que já colocou na terra.
Num jeito em que lhe é característico, o apresentador da TV Zimbo admirou-se quando a senhora, mãe de seis filhos, agora grávida de um sétimo, percorria as ruas de Luanda à procura de sustento.
Em sociedades mais desenvolvidas, onde até mesmo as condições de vida são satisfatórias, veem-se os casais – ou até mesmo as senhoras que optam por uma reprodução independente – a cercearem ao máximo o número de filhos, devido às exigências que se tem com eles a nível da educação, saúde e até alimentação.
Num contexto de extremas dificuldades económicas, como a que atravessamos hoje, conversas que acabaram por ser levantadas pelo jornalista Guilherme da paixão têm todo o sentido, independentemente das interpretações que possam surgir de inúmeros segmentos.
É imperioso que a problemática da natalidade ressurja nos debates para que se possa delinear melhor o futuro dos angolanos. Nos últimos tempos, Angola vai sendo apontada até mesmo por organizações das Nações unidas como um dos países que mais cresce em termos populacionais no mundo.
Não há dúvidas de que o contrário seria alarmante. porém, ainda assim, o ideal é que o crescimento populacional esteja alinhado muitas vezes ao crescimento económico, o que não é o caso do nosso país.
Angola cresce menos de três por cento, ao passo que pessoas que irão necessitar todos os dias de serviços de saúde, alimentação, educação e todos os outros mecanismos que devem ser disponibilizados pelo Estado quase ultrapassam os 3 por cento.
E a tendência é que o número aumente nos próximos tempos, caso não se adoptem medidas que possam refrear este crescimento. Devido aos vários factores socioculturais, as medidas de planeamento familiar e outras que possam ter uma forte incidência nesta situação, há necessidade de se incluir vários actores para que uma luta do género não seja vã.
Impera ainda em muitos lares a convicção de que num leque cada vez mais alargado de filhos talvez surja aquele que se tornará o Messias e solucionar os vários problemas da família.
E assim se descura que o verdadeiro crescimento será pela educação, formação e cuidados significativos que um dia um deles possa atingir. infelizmente, enquanto muitos lutam para ter um único ou dois filhos, há igualmente aqueles que parecem querer sozinhos multiplicar e encher a terra, menosprezando os inconvenientes que possa ter.
E a estes apresentar um projecto de planeamento familiar pode até ser considerado um sacrilégio, cabendo ao conselheiro todos os nomes possíveis, alguns deles pouco abonatórios.