Um grupo de antigos colegas, alguns dos quais hoje companheiros de banca e amigos, deverá reunir-se nos próximos dias em Luanda para assinalar os cerca de 30 anos desde que franquearam as portas do Instituto Médio de Economia de Luanda (IMEL) para estudar comunicação.
São todos ex-alunos da malograda professora Gabriela Antunes, uma referência da docência em Angola, sobretudo aos profissionais ligados ao jornalismo e à comunicação social no geral, embora muitos deles não estejam mais ligados ao referido sector.
Por razões de agenda, nem todos poderão estar presentes, embora os acertos tenham começado ainda em Abril deste ano. Gostaria imenso de poder abraçar alguns dos possíveis ausentes, camaradas de lutas nos tempos em que almejávamos ser o futuro da Nação e muitos de nós encarnavam fielmente a figura quase mítica do Homem Novo. A verdade é que não será possível.
Aliás, nos dias que correm, o tempo tem sido um grande inimigo. Não importa a classe social de que faça parte, mas as aventuras e desventuras das escolhas que cada um fez da vida tornaram-se autênticos tampões nos dias de hoje colmatados, sem muito sabor, pela presença das redes sociais.
Se é assim com muitos cidadãos, alguns dos escalões mais baixos, intermédios ou da chamada alta, o que acontecerá, por exemplo, com um Presidente da República, cuja agenda nacional e até internacional é acertada com largos meses de antecedência? Questionei-me ontem quando tive acesso ao comunicado dos Serviços de Imprensa do Presidente da República, João Lourenço, em relação ao convite formulado pelo Presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, para que o estadista angolano participasse numa conferência de paz sobre o seu país na Suíça.
A referida conferência terá lugar entre os dias 15 e 16 do próximo mês de Junho, ou seja, dentro de duas ou três semanas. Por razões de calendário, o Presidente angolano não estará presente, apesar de ter manifestado a posição do país em relação ao conflito que opõe a Ucrânia à Rússia.
Se para alguns dos comuns mortais acaba por ser um exercício conseguir espaço durante duas ou três semanas para estar presente numa determinada actividade, o que será daqueles que têm a missão de dirigir países? Há quem olhe para a não presença do Presidente da República no fórum da Suíça como sendo um acto de deselegância, apesar de se ter justificado que será por ‘razões de calendário’.
A julgar pelo tempo, parece curial concluir que até mesmo noutras circunstâncias movimentar uma equipa presidencial é uma acção espinhosa, particular e onerosa. Trata-se de uma operação sensível que não se coaduna, por exemplo, com actividades feitas num curto espaço de tempo, como, por exemplo, duas ou três semanas em territórios quase desconhecidos.