Há muito que se vai sentindo que a política tornou-se hoje o principal campo de discussão. Não importa a hora, o palco ou as pessoas, é quase que unânime, em quaisquer circunstâncias, levantarem-se temas que passem pelas questões sócio-económicas que o país enfrenta, assim como os partidos políticos que integram hoje o nosso mosaico.
Em qualquer ponto, depois das eleições de Agosto do ano passado, acrescidos pela crise económica que se vive desde então, que nos transformamos em especialistas em assuntos políticos.
Para muitos, basta que se aponte o dedo aos dignatários para que se sintam aliviados, descurando estes que, mais do que se atirarem contra uma determinada figura, estarão igualmente a comprometer a continuidade de inúmeros projectos e até mesmo a vinda de empresários estrangeiros e outros interessados em investirem em Angola.
É corrente vermos cidadãos a queixarem-se por causa da falta de postos de trabalho ou ainda uns que erradamente acreditam que se esteja a dar primazia a investidores de outros pontos do globo em detrimento dos angolanos.
O que não é verdade, embora se saiba que parece termos atingido aquela fase em que apenas esperamos frutos e poucos, mas poucos mesmo, colocam a mão na massa ou fazem aquilo que o país verdadeiramente merece para se transformar numa opção dos que possuem capital para alavancar a economia.
Durante a reunião com o Conselho Económico e Social, o órgão de consulta, o Presidente da República, João Lourenço, chamou a atenção para o facto de existirem, hoje, indivíduos que estejam a navegar contra a maré, desincentivando investidores estrangeiros, alguns dos quais munidos de interesses escusos.
E disse o Presidente: ‘Infelizmente, enquanto trabalhamos para o desenvolvimento económico e social do país, alguns políticos da nossa praça, que nunca quiseram o bem de Angola e dos angolanos, vêm realizando trabalho contrário junto das instituições financeiras internacionais, dos credores e investidores a desencorajar o investimento em Angola’.
Em política, infelizmente, muitos são os adversários que esperam a desgraça de outrem para que se afirmem, havendo até aqueles que são capazes de torcer ao contrário para que posteriormente se apresentem como solução.
É que à medida que as dificuldades aumentam para alguns, assiste-se, igualmente, a uma diminuição do sentimento de patriotismo, o que obrigaria com que todos se posicionassem única e exclusivamente em nome de Angola, deixando-se de lado em determinados momentos as clivagens políticas, religiosas, económicas e sociais.
Tem sido difícil convencer muitos angolanos de que, mais do que ver os problemas em termos políticos, cada um de nós é um agente para a promoção do nome de Angola e a obtenção de investimento estrangeiro.
Não importa a filiação política ou o status, mas a imagem que passamos todos os dias àqueles que nos são próximos ou recebemos nas instituições em que trabalhamos influenciará negativa ou positivamente na vinda dos empresários e outros interessados.
Muitos olham apenas para a lógica de que é importante derrubar um determinado adversário político.
Esquecem-se de que mesmo que um dia venham a obter o poder, o país que deverão herdar será o mesmo.
Este em que se calhar desaconselham que se faça investimentos, o que reduz o número de postos de trabalho e criação de riquezas.