Nunca fui um grande amante da velocidade. Mas também não sou daqueles que, quando está num carro, ao volante ou de pendura, circule somente a 10 quilómetros/hora, não se importando com o tempo de chegada a um determinado local ou compromisso.
Em qualquer circunstância da vida, o tempo apre- senta-se como um factor primordial. E a nível dos transportes ainda mais, porque os cidadãos têm as suas vidas cronometradas, desde o tempo de chegada à escola, posto de trabalho e casas, o que faz com que, às vezes, se rogue praga a quem seja o proprietário do autocarro, comboio, barco ou até avião.
Um dos exemplos mais acabados são os constrangimentos causados pelos cancelamentos dos voos, ou até mesmo a paragem num engarrafamento, em que os contornos atingem não só as finanças, como a própria saúde.
Agora, imagine efectuar uma viagem a Malanje, situado a cerca de 310 quilómetros da capital do país, num comboio normal despendendo menos tempo normal. Infelizmente, nos últimos tempos, apesar de todo o investimento que se fez a nível do sector dos transportes, percorrer este percurso com o referido meio deixou de ser um grande atractivo por conta da demora.
Em situações normais, muitos seriam os cidadãos que se mostrariam interessados em se deslocar entre as duas províncias, em trabalho, negócios ou turismo, utilizando este meio de transporte. Mas, a morosidade faz com que as pessoas optem por outros meios que lhes permitem despender menos tempo.
Observando, há dias, alguns aspectos debatidos no Conselho Consultivo do Ministério dos Transportes, avançou-se a hipótese de as viagens entre as duas províncias, nos próximos tempos, ocorrerem num período não superior a cinco horas, como parece acontecer presentemente.
O enorme investimento que se fez – ou ainda se vai fazendo no sector dos transportes, mormente no ferroviário – deve ser coroado com viagens que não sejam um estorvo para as necessidades dos cidadãos.
Mesmo que ainda não se fale de um ‘trem bala’, daqueles que num ápice podem percorrer numa viagem quase supersónica dezenas ou centenas de quilómetros em Angola, também não era aceitável a demora que se observa em trajectos que podem ser tidos como curtos, como a ligação entre as províncias de Luanda e Malanje. Já tivemos o prazer de efectuar o percurso após a reabilitação da linha férrea.
Confesso que não se tratou de uma experiência boa, sobretudo quando, naquela época, surgiram momentos em que o comboio precisava de apanhar balanços para ultra- passar áreas mais elevadas.
Parece anedota, mas não é. E certamente que mui- tos cidadãos têm optado por viajar noutros meios de transporte porque, mesmo não sendo amantes da alta velocidade, ainda assim, o factor tempo não pode ser menosprezado.