Quando posso, desloco-me com frequência à periferia de Luanda, local em que se pode encontrar de tudo um pouco.
Há dias, numa brincadeira, disse a um amigo que se quisesse ver igrejas, algumas até com denominação sui generis, bastava que visitasse dois bairros conhecidos: Mabor, no Cazenga, e Palanca, no Kilamba Kiaxi.
Não sendo nenhum ateu, para que colocasse em causa a vocação de muitos e o respeito pelo Senhor, ainda assim assusta-me as várias congregações, algumas das quais são impossíveis de acreditar que consigam desempenhar o papel social que se espera deles.
Em tempos, no Hoji Ya Henda, onde vivi muitos anos, conhecido pelos escritos existentes numa parede que lá se encontravaa Igreja Esposa de Cristo. Foi a primeira vez que tive conhecimento de que afinal o filho de Deus tivesse um relacionamento, o que as escrituras não dizem, mas ainda assim os inspiradores da referida congregação não se coibiram sequer em inscrever com o referido nome, embora não acreditasse que a tal igreja estivesse, de facto, legalizada.
Infelizmente, apesar das exigências feitas pelas autoridades para a legalização de muitas confissões religiosas, continua a ser fácil observar pela capital e noutras províncias do país novas igrejas, sem que se conheça de facto que propósitos perseguem. Há poucos dias, quando se pensava por exemplo que os seguidores de José Julino Kalupeteca estivessem mais calmos, um incidente no Huambo veio mostrar que não. Quando podem, há escaramuças, algo em que muitos se envolvem por puro fanatismo mesmo.
No Quénia, por exemplo, a loucura de um pastor que obrigou os seus fieis a jejuarem durante um longo período acabou em mais de 200 mortes, tu- do porque estes o seguiam cegamente.
Há dias, na sequência de uma reunião de um conselho da família no Zaire, os participantes recomendaram às autoridades locais que usassem o poder que têm no sentido de encerrar algumas igrejas.
Garantem os participantes que muitas destas igrejas hoje influenciam negativamente para a desestruturação das famílias locais. Muitos dos líderes das referidas confissões acusavam crianças e jovens de praticarem actos de feitiçaria, acabando muitos destes escorraçados pelos seus próprios familiares.
O que se se vive hoje no Zaire e noutros pontos do Norte de Angola não difere muito do que se assiste impavidamente em outros locais do país. E muitos destes bispos, pastores ou apóstolos, alguns auto- promovidos e sem qualquer formação para o efeito, serão os carrascos dos seus próprios féis, com práticas não muito distante daquelas que vamos ven- do noutros pontos do mundo.