Em tempos, perguntei a um amigo sobre as razões que fazem com que os parentes de pacientes acabem por pernoitar ao redor dos hospitais.
Sejam eles de grandes ou pequenas dimensões pelo país. Há alguns meses, passando pela cidade, pude ver nas imediações da maternidade Lucrécia Paim e Augusto Ngangula dezenas de cidadãos dormindo quase à entrada.
São jovens e senhoras, algumas das quais mães ou tias das parturientes, que volta e meia se deslocam à porta para obterem alguma informação sobre os seus parentes, algo que se seria alcançado num dia posterior se assim entendessem.
Porém, a verdade é que, talvez por desconfiança das instituições ou a necessidade de terem de fornecer alguns mantimentos, as zonas circundantes das instituições de saúde acabam hoje por albergar durante dias famílias completas.
Foi assim num passado recente, e as informações que vamos recebendo estes dias indicam que a prática está longe de terminar.
E ontem, infelizmente, ao acompanhar uma reportagem na Luanda Antena Comercial, os relatos eram assustadores e dignos de constarem de qualquer cena cinematográfica.
É que se já faltam espaços para as famílias, por exemplo, que acabam por fazer todo o tipo de actividades em plena rua, incluindo as mais reservadas, no hospital do Kapalanga, em Viana, os populares estão a disputar taco-a-taco os lugares com os cães.
Contaram os familiares de pacientes que o número de cães existentes no local é assustador, sendo que estes não se coíbem só em pernoitar, mas também comer tudo o que eles encontram pelo caminho e assustar quem atravesse o caminho. Inicialmente, não houve como não rir perante o que se está a escutar.
Primeiro porque é necessário que se acabem com as dormidas nos portões dos hospitais e arredores.
E segundo porque é imperioso que as instituições de saúde dêem garantias aos populares de que os seus parentes serão bem tratados e que não precisam daquela escolta que se vê diariamente.
Agora, pior do que isso, é as pessoas estarem a disputar território com os cães, alguns dos quais vadios.
E, segundo uma responsável do Hospital do Kapalanga, há por aí cerca de 30 animais que pululam pela instituição, com os riscos que já se podem adivinhar.