Não sei quem ficará com os direitos autorais. A frase segundo a qual ‘o cabrito come onde estiver amarrado’ foi popularizada em Angola por um antigo governador que já não faz parte do mundo dos vivos.
E hoje, passados vários anos, há quem não se desfaça desta tese, incluindo jovens muito mais novos. Há poucos anos, um responsável do Sindicato de Bancos chamava a atenção para o facto de as cadeias estarem a receber, igualmente, muitos jovens bancários, alguns dos quais não resistem à tentação do dinheiro vivo ou até mesmo dos números que vêem passar por eles nas grandes transacções.
Angola, devido à má fama que possuía outrora, chegando mesmo a constar com regularidade dos relatórios em que figura como um dos países mais corruptos do mundo, conseguiu, nos últimos tempos, inverter esta tendência, apostando as fichas no combate à grande corrupção,massas reminiscências da pequena ainda poderão perdurar durante um período longo.
Muitas das vezes, quando confrontados com as razões que fazem com que muitos coloquem a mão no erário,ou até mesmo em dinheiro das empresas particulares, acredita-se que seja a falta de condições de vida e a pobreza que assolam muitos lares que funcionam como íman para o efeito.
À medida que se vende a ideia de que seja, por exemplo, a falta de empregos que faz com que muitos jovens enveredem para o mundo do crime, surge, do outro lado, sobretudo de gestores, a tese de que se torna também mais difícil atribuir responsabilidades a muitos jovens pelo facto de muitos deles estarem desde muito cedo também rendidos à tese do cabritismo.
Mesmo em situações em que os salários, para uns, podem ser convidativos, ainda assim, abundam as denúncias de casos de gente jovem que quase que não perdura em determinadas funções por não conseguir resistir ao assalto ao pote.
Uma situação crítica que deve levar a própria sociedade a reflectir sobre os caminhos em que se está a construir uma nova geração a quem se vai depositando o futuro. Nos últimos dias, alguns números apresentados indicavam quem ais deminiljovens entram todos os meses nas cadeias do país.
Um número que se acredita ser reduzido, mas, ainda assim, espelha muito bem a dimensão da responsabilidade que o próprio Estado e a sociedade, principalmente as igrejas, devem encontrar caminhos para se inverter o curso.
Se se atribui a alguns mais velhos culpas pelo elevado índice de corrupção que o país havia atingido e muitos vícios que perduram até aos dias de hoje, não deixa também de ser verdade que, nos dias que correm,alguns o façam por gosto, apesar da idade.
Nota- se, inclusive, jovens recém-formados, que possuíam um futuro promissor, que encurtam o trajecto porque não conseguem dissociar da velha tese do cabritismo, mesmo quando lhes é facultado um salário e condições que uma maioria persegue.