Resolver os problemas do povo ainda se acredita ser a premissa maior do MPLA. Pode-se, hoje, não se falar no programa mínimo ou maior, os desafios ainda patentes reivindicam uma advocacia maior de quem esteja no poder, assim como daqueles que o representam nos diversos círculos provinciais, municipais ou comunais.
Ouvi falar em advocacia junto do Executivo por parte da secretária do Bureau Político do MPLA para a Política Social, Maricel Capama, nos últimos dias. Tudo porque se está em atraso a construção de várias obras estruturantes na província de Malanje, entre as quais apartamentos, desassore- amento de rios e outras infra-estruturas importantes para a vida dos cidadãos desta localidade que, no último ano, elegeram dois deputados para a UNITA.
Além de Maricel Capama, recentemente, o próprio governador local, Marcos Nhunga, reclamara do facto de mais de 50 por cento das obras do Programa Integrado de Intervenção aos Municípios também estarem emperradas. Tudo porque, à luz de muitos dos vícios de um passado que alguns se recusam resignar, muitas destas infra-estruturas – apesar de já pagas – não tiveram um nível de implementação aceitável. Além disso, da voz dos próprios responsáveis da província de Malanje, ficou-se a saber que mais de 50 por cento destas obras não concluídas foram adjudicadas a uma única empresa.
Num passado que se previa não acontecer mais, o sector da construção civil foi aquele em que se assistiu a negociatas que acabaram por endividar o país, assim como permitir que saíssem do país para o exterior dezenas ou até mesmo centenas de milhões de dólares norte-americanos. Apesar das boas intenções, assim como dos frutos que vão surgindo, a nível do sector primário, também são visíveis jogadas ardilosas que podem ter tornado o projecto num meio em que altos funcionários do próprio Estado e outros acabaram fazendo negócios com eles próprios.
A forma como determinadas empresas venceram os concursos – e muitas agora vão sendo afastadas – denunciam a inexistência de determinados critérios que poderiam salvaguardar as boas razões de fundo que fizeram com que o Presidente da República, João Lourenço, criasse o Programa Integrado de Intervenção aos Municípios no seu primeiro mandato.
Além de Malanje, tivemos também denúncias de supostas irregularidades no Moxico e noutros pontos. Tratando-se de dinheiros públicos, era imperioso que a própria Inspecção Geral do Estado e outras instituições afins apurassem estas informações e outras, para que não se vivam situações como as de um passado ainda não esquecido. Já tivemos um percurso penoso e lamentável que nos obrigam a concordar que brincadeira deve mesmo ter horas.