Só um Armagedom, à moda bíblica, irá retirar o então secretário provincial da Unita em Luanda, Nelito Ekuikui, do cargo de secretário-geral da juventude da Unita. Não se trata de algo anormal, a julgar pela idade que este ainda possui. E se se tiver em conta o desaparecimento político daquele que pode ser o seu antecessor brevemete, não há dúvidas de que os maninhos precisavam de dar um passo neste sentido, mesmo que não se goste da ideia.
Os que acompanham os últimos desenvolvimentos nas hostes da Unita queixam-se da falta de democracia e transparência no referido processo. Aliás, o que se diz é que desde o início, apesar da imparcialidade que se vai propalando, parece que Adalberto Costa Júnior e pares não escondem o desejo de que Nelito Ekuikui seja o novo homem forte da agremiação juvenil da UNITA. Pena que isso signifique, logo, a morte política de alguns jovens que se atreveram confiantes de que o processo pudesse não ter as habituais jogadas de bastidores.
Tendo em conta o que se vai propalando, não há dúvidas de que a aposta feita pelo maior partido na oposição há muito que foi tomada. Tudo indica que se quer transferir a experiência adquirida por Ekuikui enquanto secretá- rio em Luanda para as hostes da organização juvenil, ou seja, fazer com que o que se passava na capital e em de- terminadas jornadas juvenis se repercuta nas hostes dos outros movimentos desta classe social. O que iria permitir que se tirasse mais partido, uma vez que Luanda acaba sempre por ter influência, positiva ou negativa, nas de- mais províncias do país.
Noves fora a influência de que se queixam os candida- tos e algumas pessoas ligadas à Unita, incluindo uma das filhas do então líder fundador deste partido, cujos apoiantes acham que os candidatos a substituição do MPLA possuem práticas mais draconianas do que aqueles que querem substituir, qualquer alteracao no xadrez desta organizacao juvenil terá uma resposta à altura dos camaradas, sobretudo depois dos resultados das eleicoes de 2022.
Não se acredita que o MPLA quererá seguir para os pró- ximos desafios nos moldes ou condições como aqueles que fizeram com que se encurtasse a distância com o seu maior adversário político. E essa estratégia de se querer dar a este político o papel principal na caça ao voto juvenil agora, caso haja autarquia, ou depois, em 2027, exige dos camaradas um posicionamento quanto aos futuros líderes da sua organização juvenil.
Está mais do que claro que se quer tirar partido daquilo que se acredita existir em Nelito Ekuikui enquanto político. Por isso, não é em vão que outros concorrentes digam que ele esteja em vantagem quanto aos demais. E tendo este hipotético apoio da liderança e até de membros da velha guarda da Unita, contrariando até os princípios democráticos- espera-se agora pelas peças que os camaradas irão movimentar para que não se sintam surpreendidos.
Está mais do que evidente que as praças com maior número de jovens vão entrar nas contas que se fazem agora. A Unita se quer antecipar ao MPLA. Porém, claramente que esta jogada abre espaço agora para um ambiente que vai suscitar a entrada em cena de vários intervenientes para se querer acenar ao voto dos jovens, com Luan- da à cabeça. Aguarda-se agora pelos trunfos dos cama- radas, só que sem as interferências que se diz existir no seio da UNITA, onde o número de candidatos à liderança da JURA terá encurtado muito. E os queixosos falam em ordens superiores também desse lado.