Os mais novos podem não se lembrar, mas a célebre frase ‘‘não é uma substituição fácil, nem tão pouco me parece uma substituição possível, é apenas uma substituição necessária’’ foi evocada pelo malogrado Presidente José Eduardo dos Santos, quando substituiu o primeiro Presidente da República de Angola, António Agostinho Neto.
Ciente das tarefas que existiam, numa fase em que o país tinha pouco mais de quatro anos de independência – e com um conflito armado à perna – era, sim, necessário um novo timoneiro que pudesse conduzir os destinos do país, assim como restabelecer as esperanças de um povo que se procurava afirmar depois de largos anos de jugo colonial.
As substituições, muitas das vezes necessárias, nem sempre se traduzem em missões prazerosas, principalmente quando se vai render quem sai com créditos firmados e trabalhos reconhecidos em curso.
Depois de ter passado pelo município do Sambizanga, Comissão Administrativa de Luanda, Governo Provincial do Bengo, a ida de Mara Quiosa, em 2022, para a província de Cabinda, onde rendeu Marcos Nhunga, acabou por ser vista como uma lufada de ar fresco para as intenções do próprio Executivo e do MPLA, que perdeu para o seu rival de estimação, a UNITA, nas últimas eleições gerais há dois anos, neste território.
Devido às suas especificidades geográficas, por ser um dos territórios descontinuados do resto do país, a província de Cabinda tem especificidades próprias, algumas delas políticas, que faz com que os dirigentes locais sejam sempre escrutinados severamente pelos populares.
Nesta passagem de dois anos, Mara Quiosa, que agora dirige os destinos do Cuanza-Sul, onde foi para extinguir os vários fogos deixados pela então equipa que dirigia o Governo Provincial local, conseguia compenetrar nos vários sectores da vida política e social da província, o que fazia antever a possibilidade de mudanças significativas nas próximas contendas eleitorais.
À actual governadora de Cabinda, Suzana Pemba Massiala de Abreu, não restam alternativas que não seja manter a toada iniciada pela sua antecessora e melhorar, se possível.
O que não parece ser impossível, caso tenha os apoios necessários da super estrutura, ou seja, do Governo Central.
Embora não seja uma tarefa fácil, ainda é possível que consiga, a julgar pelo apoio popular e, talvez, de sectores mais conservadores da própria sociedade cabindense, sempre muito crítica aos destinos da província de Cabinda, tida como uma das mais ricas do país, mas vivenciando igualmente problemas socioeconómicos que carecem de solução.
As primeiras imagens que circularam no dia em que Suzana Massiala Abreu tomou posse como governadora na sua terra natal como governadora provincial e, convenientemente acompanhada da ‘bombeira’, que agora estará radicada no Cuanza-Sul, demonstram que, se depender do apoio da população local, meio caminho parece já estar feito. Agora, mãos à obra…