Descrita há muitos anos como sendo um dos maiores feudos do MPLA em Angola, apesar de ter visto a UNITA conseguir, pela primeira vez na história política do país, dois deputados nas últimas eleições gerais, realizadas em Agosto do ano passado, a província de Malanje recebeu até ontem o Presidente da República, João Lourenço, para avaliar a sua situação sócio económica e encontrar caminhos para se debelar os principais problemas.
Rodeada de enormes expectativas, devido à chegada tardia de algumas soluções, para problemas actuais, João Lourenço levou uma carteira cheia de promessas que a serem concretizadas, nos próximos dois ou três anos, poderá haver margem para reconciliação entre o Executivo, o partido que preside e os círculos da província que se mostraram insatisfeitos no desafio eleitoral em que foi eleito para um segundo mandato.
Quando se escuta um jovem malanjino, nos dias que correm, as queixas centram-se, sobretudo, na falta de uma centralidade, a falta de energia e água em determinados pontos, a melhoria de serviços como a educação e a saúde.
Embora existam outros, estes temas têm dominado tertúlias e até movimentos reivindicativos, alguns destes dominados por jovens que aí vivem, trabalham ou esperavam trabalhar.
Sem delongas, embora estejam em construção residências em determinados pontos, o Chefe de Estado foi peremptório em assegurar que a província terá uma centralidade com 2500 fogos, assim como um novo hospital provincial, cuja construção deverá iniciar no final deste ano ou no início do próximo.
No campo da educação, devido ao forte pendor agropecuário que a província possui, não ficou de fora a promessa, igualmente, de edificação de um Instituto Superior de Agronomia, que poderá receber formandos de províncias vizinhas, como Uíge e Cuanza-Norte, assim como de outros provenientes de outras mais distantes.
Os exemplos dados – e tornados públicos- pela BIOCOM e o projecto agrícola Quizenga Lutete, onde algumas dezenas de jovens participam de uma iniciativa experimental no sector, que os tornará empreendedores do ramo, indicam, claramente, que uma aposta neste domínio para reverter os níveis de desemprego, um dos maiores males com que o Executivo e o próprio país se debate.
Embora não seja ainda a concretização dos projectos que os malanjinos há muito aguardam, tendo a falta deles levado também com que se penalizasse minimamente o partido no poder nas eleições do ano passado, esta carteira cheia exibida pelo Presidente da República, nesta sua deslocação, ajuda a descomprimir enquanto se aguarda que os trabalhos arranquem de facto.
A acontecer nos próximos dois ou três anos, como previstos alguns dos projectos anunciados, não há dúvidas de que muitos dos habitantes desta província se sentirão de algum modo aliviados.
Afinal, ao verem sanadas as deficiências a nível da saúde, habitação, educação, energia e água, e aumento de postos de trabalho também se reduz o descontentamento e se aumenta a confiança em quem lidera e governa.
Não há dúvidas de que a conquista de dois deputados pelos seus principais adversários políticos seja, ainda, uma espinha cravada na garganta de muitos camaradas.
E recuperá-los deve ser um dos objectivos nos desafios que se avizinham, mas que só podem ser atingidos caso se satisfaça o desejo e se realize o sonho de muitos daqueles que escutaram atentamente as palavras do Presidente da República.