Foi ainda durante a minha passagem pelo extinto Semanário Angolense que pude ter conhecimento das investidas que a Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) em muitas empresas públicas e órgãos da administração central e local. Houve, naquela fase, até uma matéria risível em que se dizia que o apetite frenético com que muitos dos governantes, entre ministros, vice-ministros, governadores e vice-governadores se atiravam ao pote, rapando tudo o que encontravam pelo caminho.
Durante muitos anos, por isso, os órgãos da administração central criaram inúmeros milionários, enquanto que as próprias instituições se encontravam desprovidas de meios de fácil acesso que não custavam nem sequer milhões, como cadeiras, mesas, computadores, resmas de papel e até lâmpadas e outras coisas russa como corriqueiras. Apesar das dificuldades que se viviam nas instituições, com o dinheiro público viam-se os governantes, seus parentes directos e alguns testas de ferro em bólides de grande cilindrada, casas luxuosas, muitas das quais no exterior. Quase tudo adquirido com fundos públicos, ou seja, obtido prejudicando a maioria dos angolanos.
Infelizmente, embora muitos deles fabriquem contos da carochinha para sustentar a origem das fortunas que se gabam ter. Apesar das informações existentes, algumas até documentadas pelo próprio IGAE, desconheces- sem muitas condenações nem mesmo que muitos fundos tenham revertido a favor do Esta- do angolano, na verdade, a verdadeira galinha dos ovos dourados que muitos exibem ainda hoje.
Muitos destes bens, acumulados com base numa arrogância, serviriam melhor a muitos cidadãos que precisam de meios ou até mesmo às instituições que possuem infraestrutura precárias para servir milhares de cidadãos que todos os dias recorrem aos seus serviços . E ontem, Quarta-feira, o IGAE, através do seu responsáveis máximo, Sebastião Ngunza, procedeu à devolução de alguns bens mó- veis e imóveis que antes tinham sido surripia- do da esfera pública ao seu digno dono: o Estado. Pena que não se tenha apresentado também quem terão sido os beneficiados que preferiam prejudicar com isso milhares de cidadãos. Assim, no mínimo, a sociedade iria conhecer também quem são aqueles que tinham feito do Estado, dos ministérios e da administração local antigos feudos.