O quase brilharete de Angola no último campeonato africano de futebol, ocorrido na Costa do Marfim, onde baqueou nos quartos-de-final tem sido apresentado por muitos como um dos maiores trunfos de Artur de Almeida para a sua própria sucessão na Federação Angolana de Futebol.
É o que alguns analistas apresentam, apesar das polémicas anteriores, incluindo os casos de suposta corrupção, o grande interregno no campeonato de futebol, a redução de equipas, um campeonato da segunda divisão agridoce e tantas outras.
Esta sequência de polémicas, desentendimentos e, nos últimos dias, o afastamento de algumas organizações de futebolistas e outras para o processo de votação – contrariamente ao que ocorre noutros países, incluindo mais desenvolvidos – faziam prever um período eleitoral conturbado quando começar a corrida para a eleição na FAF.
Para já, é ponto assente que a eleição deve ocorrer este ano. Aliás, não é em vão que existam alguns potenciais concorrentes, acreditando-se que Fabrice Alcebiades Maieco ‘Akwa’, Norberto de Castro e Nando Jordão não descurem essa possibilidade. O desacordo em relação às políticas traçadas por Artur de Almeida e a forma como se tem lidado com determinados processos fazem de alguns dos mencionados autênticos candidatos naturais.
Mas, apesar da vontade, tudo vai indicando que se parece ter começado a construir uma autoestrada que vai garantir a manutenção de Artur de Almeida. E pior: o facto de há poucos meses estarem a surgir no país comitivas da FIFA, da CAF e de outros organismos ligados ao futebol indica, quase a olho nu, que antes mesmo de ter soado o gongo já há quem esteja em campanha, embora dissimulada como se vê. Há dias, por exemplo, acabou por gerar contro- versa o facto de a Federação angolana, numa fase de quase pré-campanha, ter oferecido a determinadas federações viaturas.
Nesta vinda dos agentes da FIFA, curiosamente, o mesmo assunto tem estado à baila, incluindo a aquisição de infra-estruturas, falando-se mesmo noutros investimentos que poderão ser feitos. Independentemente dos argumentos que possam ser evocados, a grande verdade é que entre as próprias associações e pretendentes há quem fale numa hipotética corrupção passiva, o que poderá de certa forma influenciar no processo de escolha daqueles que poderão se sentir tentados em concorrer à liderança da FAF, uma vez que as federações encontram-se, quase todas, num processo de renovação dentro do ciclo olímpico.
Por mais humildade ou respeito que se tenha pelas regras, infelizmente, é impossível acreditar quando for dado o tiro de largada os integrantes da lista que compõem a actual direcção não façam uso destes trunfos e bens agora em distribuição, mesmo alguns deles sendo oriundos da FIFA.
Porém, o que não se compreende é o facto de responsáveis da FIFA – e nos próximos dias também da CAF – não estejam a olhar para a época em que se exibem em Angola com os actuais responsáveis da federação de futebol. Não obstante às boas intenções, acabam por ser autênticos influenciadores e construtores de uma autoestrada em que deverá circular um dos candidatos para sua própria reeleição: Artur Almeida.