Quase oito anos desde que chegou à liderança do país, onde exerce, ao mesmo tempo, nos marcos da Constituição da República de Angola, os papéis de Chefe de Estado, Titular do Poder Executivo e Comandante em Chefe das Forças Armadas, o Presidente da República, João Lourenço, vai-se desdobrando numa série de viagens pelos quatro cantos do mundo.
Algumas delas vão merecendo o mais amplo apoio dos angolanos e outras criando no seio de inúmeros críticos algum sentimento de revolta, supostamente por causa dos encargos que a mesma possa estar a criar no país.
Em 2017, quando discursava no palanque em que tomava posse para o primeiro mandato, o novo Presidente da República deixou claro aos angolanos e à comunidade internacional a prioridade que se daria à política externa, até então virada apenas para países com os quais Angola mantinha uma relação quase tradicional.
Devido aos laços históricos, de consanguinidade, comerciais e até promíscuos que vieram a transformar Portugal numa autêntica lavandaria de dinheiros então desviados de Angola, este país sempre se manteve na linha de frente.
Do outro lado, estava o Brasil e a China, sendo este último um player que viria a reforçar a sua posição com a apoio à reconstrução do país, depois de o Ocidente se ter recusado em dar a mão aos angolanos, embora estivesse sobre a mesa uma hipotética conferência de doadores.
À semelhança do que faziam outros países, houve também necessidade de Angola encontrar outros parceiros, alguns dos quais as relações eram quase tímidas. Um dos casos foi os Estados Unidos da América, onde João Lourenço acabou recebido há pouco tempo pelo Presidente Joe Biden, que veio a proporcionar novas aberturas a nível da cooperação em vários domínios, alguns dos quais já visíveis.
Do outro lado, viu-se um Presidente da República deslocando-se em países nos continentes europeu, asiático, americano e africano. Sendo o responsável máximo pela política externa do país, num mundo cada vez mais competitivo, tem sido João Lourenço a capitanear esta luta pela diplomacia económica, assim como o restabelecimento e abertura de novas frentes pelo mundo. Mais do que as viagens, algumas das quais poderiam ser mais enxutas em termos de integrantes, o ideal seria centrarmo-nos nos ganhos que as mesmas estejam a proporcionar ao país.
Já são, sim, visíveis alguns destes resultados com a vinda de empresários e até mesmo a abertura de empresas e fábricas ligadas a vários sectores. Algumas vezes, não importa o quanto gastamos quando os lucros forem bons. E numa fase de feroz competição pelo capital e investimento externo, a presença do Presidente em determinadas situações torna-se necessária.
Porque ninguém melhor do que o Chefe de Esta- do de um determinado país para dar garantias a quem esteja interessado em investir de que possam vir em paz e que tudo está seguro. Isso independentemente das situações internas que se vivem.
Como toda investida em busca de parceiros, é provável que algumas se venham a resultar em infrutíferas. O que é normal. Do mesmo modo que muitas delas são e poderão se tornar frutíferas, cujos resultados terão a impressão das contestadas e muitas das vezes incompreendidas viagens do Presidente.