Em política, por mais que não se goste, as promessas são importantes. Dizia até um estratega brasileiro que faz parte do jogo. É por isso que, por mais que muitos não gostem, não nos livramos dos compromissos que alguns se jogam principalmente nas fases eleitorais. Cumpri-los, o que seria ideal, nem sempre está ao alcance de muitos, ou seja, até mesmo de poucos. Isso se tivermos em conta o rol de promessas feitos e realização destes, não importando sequer as fases em que eles vêem a público.
E nas campanhas eleitorais em Angola e noutras partes do mundo, esse exercício não foge à regra. Tanto para quem governa, devido às conjunturas ou até mesmo a falta de destreza, assim como para quem almeja alcançar o poder, o que se torna ainda mais perigoso porque a ansiedade em atingir lugares cimeiros leva com que muitos pretendentes ao trono prometam até o impossível.
Esta Terça-feira, em Benguela, o governador local, Luís Nunes, longe da euforia que poderia marcar o momento em que estava, atirou para os jornalistas: ‘ eu só prometo aquilo que sei que vou fazer’. Há oito anos que Benguela registou uma das mais violentas enxurradas de que se tem memória. Vá- rias pessoas, sobretudo as que habitavam no sopé das montanhas que circundam o Lobito e arredores, perderam a vida e outras viram as casas e os bens completamente destruídos.
Desde então, para que não fossem atingidos, novamente, por uma tempestade semelhante ou pior, muitos destes cidadãos acabaram transferidos para a zona dos Cabrais, nas bermas da conhecida estrada nacional 210. Muitos viveram em condições precárias, em tendas ou casas de chapas de zinco, vulgo bate-chapas, sem que se vislumbrasse um futuro risonho, apesar das múltiplas promessas que recebiam tanto de governantes locais como de outros provenientes da capital do país.
Tive a oportunidade de visitar algumas vezes os Cabrais. Ver a escola de chapa, a falta de água, um centro sem condições para atender os moradores ou até mesmo os cidadãos que protegiam as bases em que um dia iria nascer as residências em que se poderiam considerar, finalmente, seguros.
E assim foi durante cerca de 10 anos. Finalmente, depois de inúmeras promessas, Luís Nunes cumpre aquelas que terá feito aos cidadãos que aí habitam, entregando as primeiras residências para aquela sofrida população.
Para muitos, o Executivo não estará a fazer mais do que aquilo que é sua obrigação. É verdade, mas ver cumprida uma promessa em que poucos acre- ditavam ver cumprida, claro que é indiscritível o sentimento de quem se julgava já sem esperança. E em política, quando se cumprem as promessas, há sempre um sentimento de dever cumprido, embora se fale na entrega de mais residências até ao final deste ano.