Pelo que tenho lido, ouvido e até assistido nos últimos tempos, não me espanta que exista quem ontem estivesse à espera que toda a operação realizada para o voo inaugural no Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto ocorresse mal.
Felizmente, assim não foi. E o ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, descreveu o 10 de Novembro, véspera da data de comemoração da independência nacional, como ‘um dia de festa e histórico para a aviação civil’. Há muito que se sabia que o Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, ainda em funções, já não servia para as encomendas.
Sempre esteve em causa a sua dimensão e localização geográfica, rodeado por bairros, que não serviam para um bom cartão postal, até para os cidadãos que se deslocam à capital do país vindos do interior, mas principalmente para os estrangeiros que aqui aportam. Porém, a sua construção, embora fosse necessária, também serviu de arma de arremesso para determinados sectores da sociedade e até políticos criticarem o Executivo angolano.
O orçamento da obra e outras nuances impulsionaram outras discussões e interesses políticos. Foram poucos, mas muito pouco mesmo, os que procuraram evidenciar o sentimento de pertença e a necessidade real de se avançar com a infra-estrutura, não querendo com isso dizer que a fiscalização da mesma e os montantes envolvidos tivessem de ser atirados para o tapete.
Quem ouviu, leu ou assistiu as reacções quando, no início deste ano, milhares de entidades, em Abril, visitaram a infra-estrutura se estará recordado de algumas posições e ausências que deixaram logo transparecer que muitos – até considerados notáveis – pareciam ter em relação ao projecto.
Conhecendo como se conhece os cidadãos no geral e algumas figuras, não espantará que, nos próximos dias, muitos deles se transformem em autênticos garotos propaganda do projecto, porque dificilmente se conseguem dissociar daquilo que os populares acabam por confirmar como sendo um projecto impotente e à dimensão de outros aeroportos de ponta pelo mundo.
Depois de um longo período de espera, a infra-estrutura imponente, ‘super mega bonito’, como frisou ontem, no noticiário principal da Tv Zimbo, uma passageira, está agora ao serviço dos angolanos.
E por mais que se espera que seja o Estado o único a cuidar dele, cada um dos cidadãos que lá passar deverá ser um dos seus guardiões, incluindo as nossas aves de mau agouro, que não se cansam de praguejar ou esperar que tudo corra mal somente porque a partir daí se pode obter outras vantagens.