Foi na ponta final do ano passado que me encontrei com um conhecido câmara man da TV Zimbo algures no Zango Zero, em Luanda.
Dirigime ao jovem procurando saber as razões que lhes levaram ao local, ao que este respondeu que tinham atendido ao chamado dos jovens da área, porque uma obra do Programa Integrado de Intervenção aos Municípios (PIIM) estava abandonada e um grupo de jovens da área já estava a tomar de assalto o próprio terreno.
Em conversa com os habitantes da área apercebi-me que sim. Na realidade, há muito que o empreiteiro – e provavelmente – um dos donos da empresa sumiu, deixando quase sem esperança os milhares de populares da zona que esperavam, nos próximos tempos, contar com mais uma escola, sobretudo numa área em que a oferta educativa pública escasseia.
O caso do Zango, que já havia escrito e apresentado neste espaço, é apenas um dos vários que poderão existir no país, onde os fundos do PIIM podem ter tido um destino incerto, o que deve, sim, obrigar a intervenção da Procuradoria-Geral da República e outras instituições do Estado.
Em Malanje, por exemplo, as informações avançadas esta semana indicam uma certa morosidade em termos de implementação das obras do referido programa.
Os locais já dizem, inclusive, que poderão ser a província onde a execução das obras do PIIM é mais morosa em relação às restantes 17 que compõem o país.
Num encontro realizado ontem pelo Governo Provincial de Malanje, o governador Marcos Nhunga salientou que são mais de 50 obras praticamente paralisadas há cerca de dois anos.
Porém, o curioso é ouvir do governador que, contrariamente ao que se diz em muitos destes casos, não há quaisquer problemas de ordem financeira que possa justificar os atrasos.
E disse mais: ‘os atrasos das referidas obras não estão relacionadas com a falta de pagamentos, pois os níveis de execução financeira estão acima da física’.
Então, o que se estará a passar para que os populares não beneficiem dos projectos gizados e quais os verdadeiros entraves que impedem que as pessoas tenham acesso a hospitais, escolas, postos de saúde, quadras desportivas e outras acções como terraplanagem? A entrada em cena da Procuradoria-Geral da República foi a solução encontrada.
E ainda bem. O que se espera agora é que posteriormente, tal como se anunciou, também se apresentem os resultados da investigação em curso.
Afinal, é preciso que se dê nomes, se apresentem os culpados e sejam punidos se razões existirem.
De igual modo, caso se constate que a responsabilidade não seja dos empreiteiros, então que também se diga isso aos angolanos e malanjinos em particular.