Há muito que se falava da necessidade de os angolanos apostarem na produção agrícola. Não fazia sentido um país com enormes potencialidades hídricas e terras aráveis depender regularmente da importação de produtos, alguns dos quais até provenientes de países cujos territórios são predominantemente desertos.
Nos últimos tempos, o preço dos produtos que constituem a cesta básica, entre os quais o arroz, tem sido motivo de preocupação dos cidadãos, observando-se o seu aumento considerável, porque o país não produzia ainda quantidades suficientes que poderiam contrabalançar a procura que se observa.
Felizmente, as últimas informações que vão surgindo apontam para um caminho inverso, dando uma verdadeira esperança de que num futuro não tão distante poderemos ter produtos somente angolanos à mesa.
E o arroz será um destes se se tiver em conta a sua produção em várias partes do país, incluindo em localidades onde esta cultura não se fazia sentir há algum tempo. Os dados avançados estes dias apontam para uma produção de cinquenta mil toneladas no corrente ano, contra as 10 mil toneladas que se produziam há dois anos.
Ou seja, num período de dois anos, houve uma quintuplicação da produção deste cereal importantíssimo para a alimentação das famílias em Angola, conforme avançou a Associação Agro-Pecuária de Angola (APPA).
Consta que, segundo a mesma associação, as importações deste importante cereal na dieta dos angolanos têm vindo a recuar, tendo passado de 545 mil toneladas, em 2022, para 270 mil toneladas, em 2024.
Prevê-se que, no próximo ano, se consiga atingir as 70 mil toneladas, o que poderá fazer com que se reduza ainda mais as necessidades em relação ao exterior, podendo assim o Estado angolano poupar mais dinheiro que todos os anos são canalizados para a aquisição deste cereal.
Angola gastou, com a importação do arroz, de 2018 a 2022, mais de USD 1,5 mil milhão, de acordo com dados avançados no início deste ano pelo director Nacional das Florestas, Domingos Veloso, realçando que “o consumo médio anual de arroz nas famílias angolanas ronda as 500 mil toneladas”.
Recentemente, o Banco Nacional de Angola (BNA) disponibilizou ao mercado mais 150 milhões de dólares, dos quais mais de metade para financiar a importação de arroz e o restante para operações de particulares.
Segundo um comunicado divulgado no ‘site’ do banco central, a venda de divisas no montante de 88 milhões de dólares destina-se à cobertura de operações associadas à importação de arroz.
Claramente, os números de que nos podemos estar já a orgulhar estão relacionados com a aposta que o Executivo vai fazendo no sector agrícola, onde, através do Planagrão e o aumento de receitas, começam a impactar positivamente com as cifras apresentadas.