Viajar entre Luanda e Benguela ou vice-versa de carro é sempre prazeroso. São tantas as paisagens para ser observada de um lado ao outro, cada uma mais linda ao ponto de prender a atenção dos automobilistas e passageiros.
São os rios que passamos. As aldeias e suas gentes, assim como os próprios cidadãos que encontramos na via, alguns comercializando produtos do campo e outros prestando variadíssimos serviços.
Confesso que faço esta viagem com regularidade. Não me lembro de nos últimos 10 anos ter faltado uma só a Benguela, onde felizmente fiz vários amigos, muitos deles chegados.
Ao longo deste tempo, creio que nos arredores da Canjala ou antes, tenho observado com atenção a existência de uma cerca num terreno interminável que nos acompanha em quase todo o trajecto já dentro do território benguelense.
Não me quero atrever em mensurar o referido espaço. Mas é terra de perder de vista, cabendo aí, se calhar, algumas comunas ou até mesmo municípios. Pela extensão e a cerca colocada, que devem ter custado vários milhares de dólares ou biliões de kwanzas, acredito que se trate de uma propriedade de alguém endinheirado e, talvez, muito bem relacionado.
Não sei o que haverá no seu interior. Talvez seja uma fazenda, mas pode ser que não também. Mas a extensão daquela propriedade, que se espera legalizada, deve contrastar com o uso que lhe é dado, a julgar pelo vazio que se observa na parte silenciosa e despovoada que é observada pelos viajantes.
Por estes dias se fala na aprovação de uma nova lei de terras e implementação do numero de identificação de parcelas, as actuais prioridades do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Construção. Trata-se, segundo o ministro Carlos dos Santos, de um instrumento que vai ajudar o sector a melhorar e disciplinar o processo ligado à gestão de terras.
Em Angola, enquanto alguns lutam para ter acesso a um simples terreno de 15/15 ou 15/20 para instalar um kubiku, outros pavoneiam- se com milhares de hectares, muitos dos quais inexplorados.
Há muito que se esperava por uma nova lei de terras para contrapor os malefícios que se gerou ao longo dos anos. Afinal, tão grande como é, Angola tem espaço de sobra para os seus habitantes, assim como para aqueles que pretendem investir no nosso país.