À entrada da pequena e acolhedora vila de Catete, um contentor novo, que se presume que funcionará como um escritório, uma su- gestão chama atenção de quem passe por aquele zona: ‘se quiseres saber algo sobre as obras, fale connosco’.
É um apelo da empresa Carmon, uma construtora angolana, a quem foi encarregue reconstruir a esburacada parcela da estrada 230 entre a Vila de Catete e o controlo do Maria Teresa, na bifurcação entre a Estrada Nacional 230 B e a sua continuidade até ao Dondo.
Esburacada em quase toda a sua extensão, com pontos negros que criam enormes dissabores aos automobilistas e até aos próprios passageiros, a sua reabilitação, felizmente, coube a uma empresa angolana, o que não deixa de ser um sinal assinalável.
Entretanto, se a memória não me atraiçoa, a angolana Carmon foi uma das empresas mencionada há pouco tempo num dos programas Banquete da TPA, como tendo estado envolvida em expedientes poucos sérios em algumas empreitadas no país, incluindo a construção de estradas.
Não obstante a isso, porque todo o mundo tem o direito de se regenerar, independentemente do passado menos bom que possa ter tido na vida, o facto de se ter optado por uma empresa angolana para a referida via pode servir de élan para a reafirmação das empresas nacionais em caso de garantia de qualidade.
Até então, possa estar enganado, grande par- te do troço da Estrada Nacional 230 vinha sendo confiada às empresas estrangeiras, com realce para as chinesas, muitas das quais de má lembrança se se tiver em conta os montantes já gastos e a condição em que se encontra a mesma via.
O reaparecimento da Carmon, mesmo que seja também de má lembrança para alguns, é, por outro lado, uma oportunidade para que as construtoras nacionais se reafirmem e mostrem, efectivamente, que afinal estão vivas e com muito para dar ainda ao país.
Nos últimos tempos, o facto de poucas em- presas de construção estarem quase em todas as obras gerou enormes críticas, sem pôr em causa a qualidade das suas empreitadas, mas há muito que se mostrava necessário que nas maiores infraestruturas interviessem também outras de renome. Por isso, é bom ver a Carmon de volta e espera-se que, desta vez, com fiscalização necessária se consiga fazer daquele troço, entre Catete e Maria Teresa, uma zona aprazível de se percorrer sem os sobressaltos actuais.