O recurso ao exterior evidencia-se nos últimos anos como sendo uma das saídas para muitos jovens e adultos puderem realizar os seus sonhos. De Angola para a Europa, com Portugal à cabeça, têm partido todos os meses centenas ou até mesmo milhares de cidadãos em busca da terra prometida.
Independentemente do que se possa dizer em relação à situação socioeconómica em alguns países, ainda assim acresce este desejo. Actualmente, contra as expectativas iniciais lusa, porque os brasileiros dominavam, os angolanos lideram os imigrantes em solo português, com uma presença que ronda os 180 mil de cidadãos.
É um número que tende a crescer. Entre estes estão, seguramente, cidadãos comuns, trabalhadores, muitos dos quais tiveram de juntar tostões para conseguirem um visto, comprar um bilhete de passagem e tentar na construção, restauração e outras actividades, assim como aqueles que não têm problemas quaisquer em se deslocar a Lisboa e arredores quando bem lhes convém.
Distantes da terra que os viu nascer, uns fazem desta saída algo temporário, ao passo que outros podem a esta hora já ter jurado nunca mais pisar os pés em Angola.
A não ser que um dia o país se torne um paraíso, o que poderá influenciar que tragam de volta os filhos, as esposas, os irmãos e outros parentes com quem viajaram ou esperam que os sigam assim que tiverem as condições criadas.
Entretanto, uma diáspora com cerca de 200 mil cidadãos num único país serviria igualmente de mais-valia se esta pudesse contribuir com remessas para o crescimento económico do país. É o que se vê em muitos países africanos, com Cabo Verde a liderar a lista quase todos os anos.
No caso angolano, infelizmente, a tendência continua a ser contrária. Os caminhos da emigração foram analisados este fim-de-semana num dos espaços noticiosos da TV Zimbo, e os números continuam a ser impressionantes, assustadores e anti-patrióticos.
Impressionantes porque, contrariamente ao que se pensava por causa da crise que se vive, continua a sair muito dinheiro (dólares, claro) de Angola para o exterior, quando se pensa a nível local que não existam sequer.
Assustador porque o período difícil para a economia que se atravessa demandava que se pudesse esperar até de quem está lá fora um certo compromisso com o país em que nasceu – ou muitos deles poderão regressar um dia destes, à semelhança do que ocorre com outras diásporas.
E não há dúvidas de que estaremos perante um forte sinal de anti-patriotismo. Por mais que se diga o contrário, não são os cidadãos que se deslocam ao exterior para conseguir um emprego na construção, limpeza, cuidar de velhos ou outros empregos emergentes que conseguem retirar do país mais de mil milhões de dólares num único ano, enquanto para Angola só entrou 13 milhões de dólares.
Há uma grande diferença. Mesmo que se apontem as empresas ou empresários estrangeiros que estarão a enviar os seus dividendos, mas, ainda assim, estaremos perante a sinais que nos mostram que alguma coisa não vai bem. E há que se fechar a torneira, para que muito deste dinheiro financie a economia angolana.