Está para chegar o dia em que a problematica dos mototaxistas estará ultrapassada. Afinal, nunca esteve em causa a importância social que esta classe representa, transportando diariamente milhares de cidadãos e substituindo os transportes convencionais aí onde os autocarros e automóveis não chegam.
Quem vive nas grandes cidades, apinhadas por engarrafamentos diários, como Luanda e outras províncias, tem noção da importância que os mototaxistas têm no transporte de pessoal e até de mercadorias para determinados pontos, muitos dos quais inacessíveis.
Nos últimos tempos, apesar de todo o debate que se levanta, o que está em causa é a forma como muitos dos jovens e adultos que ingressaram no ramo exercem a actividade, assim como o desrespeito às normas de trânsito que assistimos diariamente.
Quando, há dias, me apercebi da intenção da realização de uma manifestação em Luanda por causa da medida que vai ser tomada pelo Governo Provincial fiquei sem perceber quais eram os motivos dos seus organizadores.
De igual modo, não pude até ao momento divisar o que estaria por detrás daqueles que em nome de uma suposta sociedade civil pretendia ir à rua com cartazes exigir ou protestar em nome dos mototaxistas.
Quem anda por Luanda e outros pontos do país tem noção da importância capital que estes jovens representam. Do mesmo modo, quem também por aqui anda saberá da anarquia em que estes andam mergulhados, desrespeitando tudo e todos, querendo perpetuar até um ambiente em que parece não existir o papel do Estado.
Há dias disse a um amigo que sair à rua em apoio aos mototáxis acaba por ser uma faca de dois gumes.
Claro está que não se pode travar esta profissão, algo que em momento algum foi levantado pelo Governo Provincial de Luanda, havendo apenas neste momento um desejo que é o de regulamentar e organizar o ramo.
O que não se pode perder de vista é a forma como se tem feito a actividade. O enorme perigo em que estão mergulhados e as consequências desta prática, sendo que em pouco menos de três meses as cifras apontam para pouco mais de 300 vítimas mortais envolvendo mototaxistas.
Seria bom que o mesmo espírito que muitos apresentaram para sair à rua em nome dos mototaxistas, embora a manifestação parece que não tenha tido o alvoroço que alguns pretendiam, também o fizessem no sentido de sensibilizar cada vez mais os jovens para que não andem sem capacete, luzes ou em sentido contrário.
Aqui sim se espera que a sociedade civil, as igrejas e até alguns partidos políticos intervenham.