não importa onde vá um dia, o Cazenga estará sempre ligado. São várias as histórias e estórias ao longo de quase cinco décadas, a maioria das quais percorridas entre a parte urbana e a periférica deste que já foi um dos mais populosos municípios do país. Na meninice, por exemplo, foi bom frequentar a Escola 230, na pré-cabunga, o colégio Nova Luz, hoje desaparecido, e as escolas Óscar Ribas, na actualidade sem as famosas capoeiras sem carteiras, e Angola e Cuba, que ganhou uma nova imagem nos últimos tempos. São várias as lembranças de um município em que desde cedo se viu aos poucos nascer alguns empreendimentos sociais novos e a afirmação de outros projectos particulares, muitos dos quais acabaram por impor uma nova forma de ser e estar da sua população, influenciada principalmente pelo comércio trazido pelos oeste-africanos, congoleses-democráticos e até os sinos nesta nova fase.
Antes da chegada de alguns destes forasteiros, em princípio dos anos 90, o Cazenga, por exemplo, ainda possuia de forma significativa um dos mais importantes parques industriais do país, onde se destacam ainda hoje as fábricas da Cuca e Nocal, mas se destacavam noutrora empresas como a Congeral, Bolama, IFA, Macambira, Curbol, Condel e tantas outras que foram desaparecendo ao longo dos anos. Na verdade, à semelhança do que alguém apregoara um dia, a vida sempre se fazia mesmo nos municípios, sendo este o garante da sustentabilidade das províncias e estas últimas, por sua vez, do próprio país em que vivemos. A história que se viveu no Cazenga assemelhar-se-á a de outros municípios deste país que ao longo dos anos viram nascer diferentes infraestruturas, algumas delas herdadas até da era colonial, mas que aos poucos se tornaram obsoletas.
Umas por incapacidade de quem as herdou e outras por conta das próprias transformações sócio-económicas que se observaram, optando alguns dos que mandavam de facto por aderir à importação desenfreada, coarctando assim o mercado para aqueles que produziam internamente. Nos próximos dias, o país vai testemunhar a realização de mais uma feira em que os 164 municípios do país irão expor as suas potencialidades nos domínios económicos, sociais e tecnológicos. Trata-se de uma oportunidade em que cada um dos municípios poderá mostrar o que se tem feito, independentemente das capacidades financeiras que cada um deles possui.
Diferente das outras realizações, desta vez se vai atribuir um prémio para os municípios tendo em conta a dinâmica que cada um deles apresenta ao nível social, económico e até mesmo ecológico. Gostaria imenso de ver o Cazenga entre os melhores devido ao passado e ao presente que nos liga. Mas, à semelhança de outros municípios do país, seguramente que muito do que se foi perdendo ao longo dos tempos não confere o estatuto de favorito, apesar das enormes potencialidades que ainda possuem e a capacidade de arrecadação de receitas em muitas actividades que permitiria até a ajudar os cérebros pensantes e os inovadores do município.