São poucos o que terão escapado a uma reflexão ou gargalhada com a imagem do cão que atravessa por uma pedonal e do outro lado cidadãos que o fazem correndo riscos em plena estrada completamente movimentada.
Creio que se trata de uma imagem de um país que não seja Angola.
Mas, ainda assim, o que vimos diariamente não foge à regra, com inúmeros indivíduos a usarem incorrectamente as pedonais e outros até os transformaram em mercados.
Apesar dos vários apelos, jornadas de sensibilização e outras acções de mobilização da população, verificamos com regularidade, em muitos pontos da capital e de outras grandes cidades do país, indivíduos atravessando como se fossem os senhores absolutos e donos das estradas.
Em muitos pontos, era visível a existência de barreiras na esperança de que se pudesse persuadir a usarem as passadeiras, pedonais ou ainda aqueles em que de forma tácita se transformaram em locais de paragem obrigatória dos automobilistas.
Por ironia do destino, poucos são os que respeitam, havendo quem até tenha rompido os separadores, como na Estrada da Samba e partes da Deolinda Rodrigues, e outros nem sequer se importam em saltar qualquer obstáculo para que possam sair de um lado ao outro.
Nos últimos tempos, o Governo Provincial de Luanda iniciou um projecto de colocação de barreiras de betão em muitos pontos da cidade.
À primeira vista, quem olha para a quantidade de betão a ser usada, questionasse se haveria necessidade de assim proceder num país em que todos os cidadãos respeitassem as regressas de trânsito, por exemplo.
Quando me apercebi da betonização das estradas em voga também senti dentro de mim um friozinho.
Será que haverá necessidade de se colocar tanto cimento para se limitar as pessoas de saltarem de um lado ao outro, ou ainda, para fazer com que se apercebam que o local apropriado para as travessias é, por exemplo, nas pedonais.
Infelizmente, apesar de todo o tipo de informação e acesso que os populares têm, o número de pessoas atropeladas mortalmente por usarem esses pontos negros cresce assustadoramente.
Quase todos os dias alguém perde a vida por ter usado um local inapropriado, embora se reconheça que não existam também pedonais suficientes ou passadeiras para os milhares de angolanos.
As obras em curso poderão pesar seriamente nos cofres do Governo de Luanda, por exemplo. É muito betão.
Mas não pode ser diferente quando se tem em vista a preservação do bem vida. É fundamental que muitos cidadãos percebam que esse gasto ou as obras em curso são feitas para que se diminua o número de mortes, principalmente.
Casos há em que não se consegue entender se os cidadãos perderam o medo e pretendem unicamente bater de cara com os carros que circulam nas nossas estradas, entre ligeiros e pesados.
É que se até o cão da imagem que circula nas redes sociais usou a pedonal porque lhe garante mais tempo de vida, não se compreende como muitos humanos, racionais, não o façam aí onde o perigo é iminente. Quem diria..