É do alto da cidade do Lobito que se pode observar a confusão mais a baixo proporcionada pelas centenas de vendedeiras espalhadas de um lado ao outro na rotunda que dá acesso à zona mais nobre desta bonita localidade da sempre prazeirosa província de Benguela.
É um cenário que quem viaja por aquela zona em turismo, negócio ou outra actividade gostaria de ver ultrapassado. Não é nada um bom cartão postal para se mostrar a quem pretende lá passar, conhecer as suas gentes e lugares.
Aí ao lado, uma enorme estrutura coberta de chapa acolhe, no seu interior, aquilo que viria a ser o novo mercado do Chapanguela, em substituição do anterior, no mesmo local que não possuía condições sanitárias nem espaços para acomodação das pessoas e produtos alimentares e não só.
A obra, para quem vê de cima, parece estar prestes a terminar, prevendo-se que ainda neste primeiro semestre do ano possa albergar não só os antigos vendedores que estão espalhados nas redondezas, assim como os novos que viram nas actividades comerciais uma das formas de sobrevivência. A moldura humana que se vê indica a partida que possa não ser uma tarefa fácil cada um deles encontrar uma banca.
O que não seria bom. Mas, ainda assim, não espanta que, se aberta a nova infra-estrutura, muitos prefiram permanecer onde estão agora, por conta da suposta fidelização dos clientes que preferem encurtar o caminho. É curioso que ao longo dos anos se vão construindo vários mercados.
É, indiscutivelmente, uma boa fonte de angariamento de receitas das administrações municipais e também de conflitos e apropriação indevida de receitas que serviriam as edilidades.
Ainda assim, no leque daquelas que têm surgido como espaços para melhor comercialização de produtos, muitos acabam abandonados e os vendedores a pulularem nas cercanias das obras erguidas com vários milhões de kwanzas que serviriam até para outras prioridades sociais.
Pelos fundos que estão a ser investidos no novo Chapanguele, que na verdade merecia toda a prioridade por parte do Executivo local, seria um sacrilégio se os benguelenses, em particular, e os angolanos, em geral, não conseguissem tirar o máximo proveito da enorme infra-estrutura em conclusão.
É expectável que, quando as portas estiverem abertas, consiga acolher o maior número possível de vendedeiras e que possa acabar, de uma vez por todas, com o triste cenário que se vive logo naquela entrada que, para muitos, é a porta de entrada.
Tanto para o Lobito como Benguela. Caso contrário, estaremos perante mais uma realidade não distante de muitos mercados erguidos, mas que continuam às moscas, apesar dos fundos públicos alocados.