Ao longo dos anos têm sido vários os tormentos que temos vivido e outros que vamos assistindo. Nestas quase 50 décadas em terra firme, pudemos assistir ao nascimento de determinados Estados, que só nos anos 90 e seguintes se tornaram independentes, assim como outros que puderam sobreviver às constantes crises políticas, sociais e económicas. Pudemos ver o Brasil a sair de um momento bom para o mau. E agora regressando para os tempos de bonança com o regresso também, passe a repetição, de Lula da Silva à presidência, apesar das tentativas frustradas de movimentos anti-esquerdas aliados a Jair Bolsonaro.
Há poucos anos, vimos também uma Europa mergulhada numa crise económica e social, com a Grécia e Portugal, quase que equiparados na liderança das preocupações da Comissão da União Europeia.
Nem as alterações de Governo, na Grécia, fizeram com que se ultrapassasse, rapidamente, a situação económica, com uma moeda desvalorizada, uma inflação assustadora e uma falta de confiança política acentuada aos partidos que lideravam o país. Portugal, país em que muitos angolanos hoje procuram refúgio, foi outra das maiores preocupações, tendo o Fundo Monetário Internacional (FMI) entrado em cena. Vimos o plano de austeridade, as idas e vindas dos quadros desta instituição internacional e, posteriormente, os resultados. Apesar de ser penoso observar a situação em que se encontravam os cidadãos destes países mencionados, alguns dos quais amaldiçoando dias e noites os seus governantes, mas ainda assim não deixavam de participar de forma directa ou indirecta nas decisões a serem tomadas.
Nestes países, não obstante as discordâncias, grupos de especialistas ligados a várias áreas do saber, propunham aos seus executivos pacotes com medidas que acreditavam ser as melhores soluções para os problemas que enfrentavam.
Em Angola, agora com esta crise acentuada, em que milhares de angolanos fazem contas, são poucos os que se debruçam ou fazem propostas concretas. Das intervenções que pude observar, somente a do Grupo Técnico Empresarial (GTE) foram endereçadas directamente ao Executivo como sendo medidas que estes empresários acre- ditam poder afastar Angola dos problemas em que entra. Seria bom –- e espera-se que sim -–e que outros grupos formados por especialistas de vá- rios ramos também fizessem o mesmo, embora haja quem acredite que se trate, somente, de um exercício, cujos frutos possam não ser vistos.