Quando eu era kandengue, meus pais ensinaram-me a saber respeitar o próximo, falar apenas e sempre quando necessário, utilizar linguagem moderada, nunca pautar pela má educação. A minha família encontrava na religião valores cívicos e morais de qualidade superior capazes de dar a vida um sentido transformador e de virtudes. O palavrear grosseiro da rua era para nós praticamente inacessível, pois, dizer asneiras ou falar baboseiras constituía pecado, e nada disso fazia parte do nosso dicionário de vida. Comparando aos dias actuais, fica evidente que os tempos mudaram, do antigamente poucos bons exemplos sobram.
POR: João Rosa Santos
Embora muito se fale de evolução, no dia a dia,impavidamente assistimos crianças de tenra idade lançando cobras e lagartos, ofendendo e desrespeitando adultos, ante o silêncio atroz e cúmplice de quem, desde o berço, deveria ter a responsabilidade de ensinar e disseminar normas e regras de boa educação. Embora minimizado, esse gap tem que ver com o pouco tempo e atenção que os pais hoje dedicam aos filhos, facto que resulta da entrega precoce dos mais novos a sua própria sorte ou ainda, quanto muito, a cuidados de terceiros como são os casos de babás ou creches. A boa educação começa em casa, deve ser produto do acompanhamento directo da mãe e do pai, na base bem assente de normas e padrões eticamente aceitáveis e propensos a um crescimento harmonioso e consolidação de uma conduta digna. De outra forma apenas se planta para colher frutos podres. Ao longo dos últimos anos observa- se algum declínio na preservação dos valores mais elementares de boa educação, denota-se alguma carência de afectos e amor ao próximo, algum menosprezo a própria vida. Vivemos, portanto, tempos novos, que carecem de níveis de exigência ainda maiores, uma nova fase em que se precisa estar mais atentos aos novos tempos, para se evitar mentalidades enganosas, optimizar boas soluções e dar a criança tudo o ela merece, em nome do futuro e do bem-estar comum. Enquanto é tempo, vale a pena incluir a educação moral e cívica no currículo escolar desde a iniciação, um acto virtuoso que bem pode contribuir para se vivenciar valores e experiências cada vez mais enriquecedoras sem se reinventar o que já está inventado.