Tenho a convicção de que os direitos televisivos têm o poder de ser o motor de transformação e crescimento para qualquer competição desportiva, incluindo naturalmente o Girabola.
Embora a prova enfrente desafios como competitividade limitada e programação deficiente, por parte da Federação Angolana de Futebol, os direitos televisivos podem desempenhar um papel crucial para alavancar o campeonato, tornando-o mais atractivo, rentável e estruturalmente sustentável.
Por isso, defendo que a transmissão televisiva regular de jogos pode aumentar significativamente a visibilidade do campeonato, o que, por sua vez, pode atrair mais adeptos e patrocinadores.
O futebol é um espetáculo global, e, quanto mais pessoas assistirem, maior será o potencial de crescimento. A transmissão dos jogos com boa qualidade de produção não só atrairia o público local, mas também poderia despertar o interesse de adeptos de outras paragens, especialmente de angolanos residentes no exterior e de admiradores do futebol africano. Isso ajudaria a expandir o alcance do campeonato, tornando-o mais competitivo e rentável.
Com a obrigação de transmissão dos jogos, os clubes e a FAF teriam que organizar as partidas com maior antecedência e de forma programada, o que reduziria a irregularidade actual.
Os direitos televisivos representam, em todo o mundo, uma fonte significativa de receitas. Essa receita pode ser reinvestida no próprio campeonato, ajudando a melhorar as condições dos estádios, aumentar os prémios para as equipas, melhorar as condições de trabalho dos futebolistas e até subsidiar viagens e deslocações das equipas para outras províncias.
Com mais receitas, os clubes poderiam pagar salários mais altos aos jogadores, investir em infraestrutura de apoio e melhorar as condições das suas viagens. A visibilidade ampliada do Girabola, proporcionada pelos direitos televisivos, pode também atrair patrocinadores e parceiros comerciais.
A presença regular nas telas de televisão aumentaria o valor de mercado do campeonato, tornando-o numa plataforma mais atraente para as marcas e as empresas.
Com a melhoria da visibilidade, o Girabola poderia atrair novos patrocinadores, como empresas de telecomunicações, bancos, marcas de bebidas, entre outros, que veem a exposição televisiva como uma oportunidade para aumentar a sua marca e conectar-se com um público-alvo mais amplo.
Também acredito que com mais receitas provenientes dos direitos televisivos, o Girabola poderia melhorar as condições profissionais de treinadores e jogadores, o que impactaria directamente na qualidade do futebol praticado.
Esta nova realidade, permitiria que os clubes pagassem salários mais competitivos aos seus atletas e treinadores, incentivando a vinda de jogadores de melhor qualidade e treinadores mais experientes.
Isso ajudaria a melhorar a competitividade do campeonato. A melhoria das condições financeiras também poderia ser direccionada para jovens talentos e programas de formação, aumentando a qualidade do futebol em todos os níveis e criando uma base sólida para o crescimento a longo prazo do Girabola.
Além dos tradicionais canais de televisão, o mercado de plataformas digitais, como o streaming, tem crescido exponencialmente, oferecendo novas oportunidades de monetização dos direitos televisivos.
A FAF ou a futura liga podem ir a busca de parcerias com plataformas de streaming como o YouTube, Facebook, ou Netflix, oferecendo transmissões em directo dos jogos do Girabola a nível global, especialmente para angolanos residentes no exterior.
O streaming pode ser uma óptima alternativa para aqueles que não têm acesso às transmissões por canais tradicionais, aumentando o alcance do campeonato.
Tenho plena certeza que a transmissão regular e com qualidade do Girabola, é essencial para aumentar o interesse no campeonato, e a exploração inteligente dos direitos televisivos pode ser um dos principais caminhos para superar os obstáculos actuais e promover o crescimento do futebol angolano.
O futuro do Girabola depende de uma gestão eficaz desses direitos, criando um ciclo virtuoso de investimentos, competitividade e desenvolvimento.
Por: Luís Caetano