Somos convidados a rever sempre os conceitos, actualizar o conhecimento que julgamos ter. A actualização é uma característica inerente à esfera do conhecimento, não somente o filosófico e o científico, também o religioso e o popular mostram alguma abertura à actualização.
Havia, em mim, algum sentido de conforto em relação ao conhecimento da língua; há anos que não me sentia desafiado, parecia que tinha respostas para as questões mais básicas, no entanto estava enganado.
Um ponto a ressaltar, não me refiro ao conhecimento da língua na perspectiva científica, antes mesmo no pendor gramatical, o normativo para ser mais específico.
Conjugar um verbo não é um desafio, falar sobre os nomes, adjectivos, preposições, conjugações, em resumo, falar das dez classes das palavras. Uma gramática normativa resolve facilmente isso, uma das razões da acomodação que se verifica também em nós. Ademais, não considerar esse conhecimento um desafio é apenas uma ideia utópica, não é real, pois é, de facto, um exercício que merece também atenção especial.
Aliás, muitas vezes erro nessas coisas. A facilidade no acesso, por haver várias referências, permite-se o exagero da não consideração. Dito isso não mais me encontro mais numa posição de réu, pelo que o meu caso não apresenta evidências suficientes para uma possível condenação.
A reflexão atinente ao pensamento de um linguista, há algum tempo mostrou-me os equívocos que eu tinha. Abaixo fica a verdade que não se esconde das línguas: “Para compreender a língua é preciso saber como ela se constitui e como se origina na sua gênese. A língua não é apenas um sistema, […] “no seu uso prático, é inseparável de seu conteúdo ideológico ou relativo à vida”. (BAKHTIN,1997, p. 96).
A partir daqui podemos constatar a necessidade de actualizar o nosso conhecimento, deixar para trás aquelas respostas que nos são canções do dia-a-dia, enfrentar realmente desafios maiores.
Por exemplo, não basta dizer que o português se originou do Latim— o vulgar para ser preciso. Somos convidados a conhecer, para fins académicos e didácticos, o básico da língua-mãe do português, tendo em vista que os factores históricos são de suma importância para a compreensão da actualidade. O latim vulgar foi a língua a partir da qual o português adquiriu a sua estrutura, conquanto o português seja uma língua autónoma.
Aliás, é próprio das línguas naturais apresentarem descendências, elas não são um produto isolado. Logo, a actualização do conhecimento, em princípio, para fins da não caducidade, pois, muitas vezes estamos presos aos conceitos ultrapassados.
Por exemplo, o sujeito é aquele que pratica acção. Ditongo é encontro de duas vogais… Por outro, para fins da não tautologia. Por exemplo, o particípio passado do verbo trazer é trazido porque é assim em português.
Por: MANUEL DOS SANTOS