Os teóricos da democracia moderna consideram as redes sociais como sendo as tele-democracias, isto é, as televisões democráticas, informais e que tendem a comunicar de forma mais rápida ou mais veloz se comparadas com as televisões tradicionais, as televisões formais.
Inicialmente surgiram para aproximar as pessoas, manter a comunicação mais fluida entre elas, sobretudo para àquelas que residem em comunidades, municípios, províncias, países e continentes diferentes.
Desde o ponto de vista político, as redes sociais contribuiram e agregaram valores ao marketing político, tendo o evoluído do político para o marketing digital, fazendo com que os cidadãos no mundo globalizado pudessem estar mais próximos dos fenómenos ou acontecimentos políticos, da gestão política, dos partidos políticos, seus programas e suas lideranças, dando origem a uma nova forma de participação política em democracia, participação do tipo cibernética, isto é, a predisposição voluntária, menos controlada (dos Estados e seus governos) e repressiva (fisicamente) dando aos indivíduos a possibilidade de através delas passarem a expor os seus pensamentos e opiniões, as suas críticas e contribuições e em muitos casos, mobilizarem o maior número possível de cidadãos para uma determinada causa, para um determinado fim.
A ser assim, a pergunta que não se cala é:
1 . Até que ponto as redes sociais influenciam a política hodierna, quando em países africanos o número de usuários é inferior se comparado com o todo demográfico?
A resposta é de que nos contextos em transição para democracia ou em democracias eleitoralistas que são hoje muitos países africanos e não só, as redes sociais jogam um papel preponderante, influenciam e impactam surpreendentemente a política hodierna sem precisar de um número maior de usuários se comparados com o todo demográfico, é assim que para o caso concreto em Moçambique, (que motivou a escrita destas linhas), a mensagem passada por Venâncio Mondlane, mesmo ausente do solo pátrio, tem alcançado o seu público alvo naquele país, mas, também, na região austral e em todo mundo. Um outro exemplo da força da internet, das redes sociais e a política está ligado ao início da primavera árabe.
No entanto, os partidos políticos, os governos e os Estados devem prestar cada vez maior atenção às redes sociais, não ignorando nunca ou minimizando a sua relevância e o seu alcance, capaz de chegar até onde menos se imagina ou menos se espera.
Para os dias que correm, quem dentre os actores políticos tiver maior presença a nível da comunicação digital, mobilizará mais cidadãos para si e para a sua causa. Não nos esqueçamos do quão metamorfose as redes sociais fizeram aquando da fase da COVID-19.
É que, na verdade, as redes sociais não precisam chegar até ao último cidadão, basta que os sinais, os acontecimentos, as mensagens e os conteúdos que elas transmitem cheguem até às elites urbanas e comunitárias que, de seguida, chegarão até as zonas mais recônditas da pólis, ou seja, até as últimas localidades.
Por: AMILTON DA GAMA