O meu cunhado,afilhado e amigo, o Savalas, de feliz memória, era um tipo do caraças. Política não era com ele, tinha enorme paixão pela economia, detestava tostões, sonhava com milhões. Dono de uma alegria contagiante, bom falante, um poço de energia positiva, bailarino de se lhe tirar o chapéu, amavava vida como ninguém, vivia com intensidade, todos os dias, a cada hora, minuto ou segundo.
Ele deixava qualquer ambiente leve, os encontros e reencontros entre nós eram sempre felizes, nunca foi diferente, as conversas a volta da massa, grandes negócios em perspectiva, milhões no horizonte, um trampolim para mudar de vida, nos finalmentes, muita parra e pouca uva.
O savalas era um bom homem, um exemplar chefe de família, um parente presente, amigo dos seus amigos, um vendedor de sorrisos,fantástico, sério, alguém com um carisma inagualável, viveu o seu tempo, no seu tempo.
Com ou sem milhões, pouco ou nada lhe importava muito, construía pontes de forma ousada e visionária, acreditava na vida,todos seus dias eram santos, um personagem único, inventou caminhos novos, durante anos, fintou a morte até onde pode.
Mais do que um cunhado, ele era um bom amigo, um companheiro perspicaz, uma inspiração contínua e permanente, nos momentos altos e baixos, um cidadão, apaixonado pelo futebol que, com os seus dribles, fez história em Angola e na Holanda.
Em vida, moldou uma identidade própria, queria ser rico em saúde, comer do bom e do melhor,ter um tecto condigno, boa escola para seus filhos, estava certo, pois, se na vida nem tudo é por dinheiro, há intenções que valem milhões.
O Savalas partiu, já não mora mais entre nós. O seu legado, a sua obra, luzem, a sua história não termina aqui, ele não morreu, a morte não existe, é um dia que vale a pena viver, apenas o início de uma nova vida, em algum lugar diferente.
Por: JOÃO ROSA SANTOS