Na semana passada, a 19 de Abril, o meu grande amigo Miguel Costa Pinto, deixou de fazer parte do mundo dos vivos. Ao tomar conhecimento do infausto acontecimento, foi como um terramoto. Senti tudo a minha volta a ruir. O desespero foi terrível, brutal e insuportável. Não acreditei, julguei tratar-se de um pesadelo. Olhei, reflecti, retomei a conversa ao telefone e, os choros do outro lado da linha, confirmavam a tragédia.
POR:João Rosa Santos
O Costa Pinto “foi-se embora”, um traiçoeiro AVC acabou por pôr termo à sua vida. Nada de nada fazia prever tão rude desfecho. Há pouco menos de um mês, por telefone, conversamos animadamente por longo tempo. A reforma na Sonangol estava à porta e, coincidia com a celebração do seu 60º aniversário natalício, a 21/03/18. Na agenda, uma festa para assinalar este duplo momento de glória. Convidou-me mas não participei por encontrar-me ausente do País. No nosso bate-papo, morava bastante entusiasmo, ele transmitia vontade de realizar os seus sonhos, dedicar-se mais à família, e fazer da sua chitaka no Bita, o seu cantinho da velhice. Ficamos conversados e acertados que após o meu regresso, teríamos um novo encontro para meter a conversa em dia. Infelizmente tudo não passou de mera intenção pois, o encontro já não se realizou, a sua morte prematura impediu. Muitas são as lembranças, as recordações de Costa Pinto, um homem nascido no Rangel, vivenciado pelo País fora, um Tenente Coronel da Marinha, licenciado em Pedagogia na antiga URSS e que, na Sonangol, emprestou e soube dar o melhor do seu conhecimento, inteligência e experiência. Um formador por excelência, um profissional de se lhe tirar o chapéu, um homem sem grandes apetências, apenas e unicamente dedicado a servir da melhor forma possível, a Empresa e a Nação Angolana. O meu amigo e companheiro Costa Pinto foi-se. Deixou a Mana Tekas na viuvês, os seus cinco filhos na orfandade, os seus seis netinhos sem os miminhos do Vovô. Surpreendeu tudo e todos, ao partir sem despedir, deixou sem aviso prévio o mundo pelo qual nutria amor e enorme simpatia. Como a vida é por vezes ingrata! Está ser difícil aceitar o seu vazio, a sua partida, a sua ausência. A sua alegria contagiante, o seu sorriso iluminado, a sua devoção e amor ao próximo, mexe com os nossos semblantes, as lágrimas ocupam os rostos, corações tremem de emoção, ninguém se sente capaz de resignar perante tamanha e eterna dor. O meu amigo e companheiro Costa Pinto, pouco ou quase nada desfrutou da sua reforma, não vislumbrou a intensidade dos 60, e num ápice, tudo quanto idealizou e sonhou viver desabou. “Carambá pá, pró caraças o destino”, porque assim, com estas desagradáveis peripécias, viver é cada vez mais uma incógnita. Ainda assim, temos que aceitar e compreender a natureza da existência humana. Se um dia nascemos algum dia morreremos. Hoje dói-me tudo, sinto-me sem vontade ou motivação para fazer algo. Pode ser que algum dia voltemos a estar juntos para dar continuidade à nossa conversa. Até lá, descansa em paz, até sempre companheiro e amigo, Costa Pinto!