O título desta análise é um excerto do discurso proferido pelo Ministro das RE da República Popular da China Qin Gang durante a primeira sessão da 14ª Assembleia Popular Nacional.
Na realidade este é um dos excertos do discurso que marcaram a minha análise crítica. Esta afirmação é o exteriorizar do sentimento do progresso económico e tecnológico fundamentalmente gizados pelo PCCh sobre a sua modernização face aos desafios do milênio e da manutenção do espaço conquistado no cenário político internacional, que no meu entendimento não será interrompido por causa da agenda política americana que visa conter os avanços e conquistas do povo Chinês em todas as esferas do seu desenvolvimento, talvez seja por isso que Qin afirma que a China se opõe firmemente a qualquer forma de hegemonismo e políticas de poder e adverte também os Estados que ainda perduram ao espirito ou mentalidade da Guerra Fria.
Um aspecto que não posso deixar de analisar é quando o Ministro Qin diz que a percepção e a visão dos EUA em relação à China estão seriamente distorcidas.
Qin possivelmente faz vasão da credibilidade internacional da China sobre a possibilidade de ser um actor válido para mediar o conflito Ucrânia/Rússia e que por sinal a China entende ser uma crise que poderia que poderia ter sido evitada e escolhe a paz e o diálogo ao invés da guerra e de sanções como medidas assertivas par devolver a paz na Europa e concomitantemente apresentou 12 propostas para resolver a crise na Ucrânia.
Mas uma questão se levanta entre as posições antagónicas entre China e EUA, o primeiro prioriza a paz negociada neste caso não enviando armas para nenhum dos contendores que o caso da China e o outro fornece armas de guerra ou meios bélicos incluindo a logística. Não pode existir paz na Ucrânia enquanto existir dualidade de critérios com duas teorias (Paz armada e Paz negociada).
Os principais actores da política mundial sobretudo o CS/ONU precisa de ser objectivo sobre o modelo real que deve ser adoptado para levar a paz na Ucrânia sem prejuízo entre as partes envolvidas.
Como se pode aceitar 1 peso para duas medidas, a proibição de fabricação de Armas de Destruoção Maciça não deveria ser da autoridade dos Estados fabricantes mas, sim da ONU.
A medida não tem sido geradora de paz, pelo facto de aumentar a insegurança mundial por culpa da ONU que controla o arsenal nuclear de uns e nunca de outros.
Quem tem e quem não tem o direito de produzir bombas nucleares. Quanto aos exercícios e alianças militares quem deve fazer e quem deve? Existe a NATO que visa uma segurança colectiva com grande peso para o artigo 5º.
O Pacto de Varsóvia sucumbiu na Perestroika (Uma restruturação destrutiva) com uma visão enganosa de Mikhail Gorbachev em 1986 que 5 anos depois viria ditar o fim da URSS e concomitantemente do Pacto de Varsóvia.
Eexistirá alguma violação pela reconstituição do Pacto de Varsóvia e com novos Estados que hoje pertencem a NATO? Já que a NATO sobrevive olhando pelas causas da sua criação, e continua a reconstruir os Conceitos de Estratégia e com uma política geoestratégica abrangente? Não sou contra a criação dos blocos militares, sou contra o olhar impávido da ONU quando a visão ou iniciativa não é Ocidental.
As respostas destas perguntas estão intimamente ligadas à origem do conflito entre Rússia e Ucrânia. Outra situação que me inquieta ainda olhando pelo discurso do Ministro das RE da China, que considera a questão de Taiwan como sendo a primeira linha vermelha das relações China-EUA que não pode ser cruzada.
Os EUA devem parar explorar a questão de Taiwan para conter a China.
Eu pergunto a ONU, caso os EUA não alterarem o quadro da sua política externa sobre Taiwan, a ONU tem memória sobre o que pode acontecer? Não foi assim também na Europa sobre a extensão da NATO na linha vermelha Rússa? O mundo ainda não analisou sobre a crise do CS/ ONU caso mais dois Estados com direito a Veto entrarem em confrontação directa, não será o fim da ONU? O que virá depois do fim da ONU? Então vamos ler o Preâmbulo da Carta da ONU.
A questão do Taiwan parafraseando o ME da China, o Estado chinês no meu entendimento, apresenta duas possibilidades sobre o caso Taiwan nomeadamente: Esforço diplomático olhando para os desígnios da Carta da ONU e a segunda e último defender a soberania Chinesa.
Aqui o ministro faz uma abordagem extensiva, mas eu vou usar a teoria realista em Relações Internacionais.
A China poderá fazer o recurso a todas as medidas que entender necessárias, entretanto a guerra é a continuação da política por outros meios, segundo Clausewitz.
O caso Taiwan renasceu a partir do memento em que os EUA anunciaram o aumento do acesso às bases militares nas Filipinas o que realmente daria às forças armadas dos EUA uma base estratégica na borda sudeste do Mar da China Meridional, a apenas 320 quilômetros ao Sul de Taiwan, uma Ilha com cerca de 24 milhões de habitantes sob controlo do Partido Comunista Chinês.
Quanto a isso, a China tem vindo a reclamar que os EUA e outros países estão aumentando as tensões na região ao enviar seus navios de guerra para lá, violando sua soberania.
Ainda sobre os blocos, parece-me haver uma imagem que pode levar-me a deduzir a possibilidade de haver no futuro breve caso a política externa americana não operar mudanças: Bloco Ocidental liderado pelos EUA: (OTAN), Bloco Euro-Asiático (Rússia, China, Coreia do Norte ) e uma terceira possibilidade híbrida com características de neutralidade (Brasil, África do Sul, Bielorrússia, Turquia, Japão), estes têm maior tendência para o Bloco da Eurásia com alguma dúvida para o Japão.
Entretanto com “Estratégia IndoPacífico” dos EUA e a formação de blocos que vão alargando as bases militares americanas continuará a colocar o mundo numa instabilidade militar.
Quero lembrar que a Assembleia Popular Nacional é um Ciclo de Conferências anuais que definem os programas do desenvolvimento nacionais, esta sessão é diferente a do ano passado 20º Aniversário do PCCh (Partido Comunista Chinês ), porque esta Conferência vai eleger o novo governo da China.
Uma nota importante é a do Ministro das Relações Exteriores da China Qin Gang que numa estreia absoluta, trás à ribalta um conjunto de elementos que gravitam a tradição e modernidade da Política Externa Chinesa.
Ele é o mais jovem cidadão Chinês a ocupar o cargo mais nobre da diplomacia Chinesa, Qin Gang de 56 anos, é conhecedor da política externa tendo passado em dois grandes laboratórios da geopolítica e geoestratégia Ocidental como diplomata, nomeadamente Reino Unido e EUA, neste último e mais recente de 2018 à 2022, destaca-se também o cargo de Director de Departamento de Protocolo do Ministro das Relações Exteriores da China de 2015 à 2018. Finalmente, é importante relacionar a minha reflexão com aquilo que o Joseph S.
Nye, Jr. faz referência na sua obra o paradoxo do poder americano, onde apresenta uma visão crítica sobre a redefinição do interesse americano, que desenvolveremos com maior substância na próxima publicação.
Desde Roma que nenhuma nação se elevou tão acima de todas as outras.
Segundo ele nada dura para sempre, porque quem diria, Roma durou Mil anos entre império e república, mas foi vencido pelo tempo, o império Otomano e etc.
Nye defende que qualquer recuo para uma política tradicional centrada na unipolaridade, hegemonia, soberania e unilateralismo conduzirá ao fracasso na obtenção dos resultados desejados e a arrogância que a acompanha , dissipará o poder suave que geralmente constitui parte da solução.
Nye aconselhava o poder americano a não cair na ilusão do império que lhes sega num poder suave porque os poderes caem ou podem mudar a favor de outros actores políticos ou Estados.
Para mim o equilíbrio de poder e respeito pela soberania dos Estados gera paz e desenvolvimento, talvez seja por esta razão que Richard Nixon afirmou em 1970 afirmou que “A única altura na história mundial em que tivemos períodos alargados de paz foi quando existiu um equilíbrio de poder”.
Entretanto, Nixon diz mais que quando uma nação se torna infinitamente mais poderosa em relação aos mais potenciais competidores surge a guerra.
Nixon terminou dizendo, “se a multipolaridade seria boa ou má para os EUA e para o mundo está sujeito a discussão”.
E rematou que estaria cético à não aceitação dos EUA o equilíbrio do poder mundial e concomitante multipolaridade. Eu também termino dizendo, estou cético sobre a globalização quando mundo regeita (ou alguns Estados) a multipolaridade e equilíbrio do poder.
Por: ALMEIDA MENDES HENRIQUES