Os ditos e não ditos na astúcia do desejo na fartura na escassez
O tempo conta
A verdade a mentira sobre o não ser dos seres sobre a trama das relações sobre os kizangos do engano
Conta o tempo
A honra do outro na presença e ausência as mãos escondidas ante o grito de socorro as mágoas e risadas na culpa das inverdades as liberdades e prisões no usufruto das durações O tempo conta fazer a vida de marcas raras limar arestas no canto da mente
Conta o tempo
O dia que não mais haverá tempo em que o tempo engolir-se-á do amor, do ódio da paz e da guerra do tudo ao nada mais a fazer.
ACENAÇÕES À ALMA
Somativas vidas embalando o encanto tomam da natureza canções de preparo em multiplicadas perspectivas subtraímos sonhos nas noites de lua-cheia Nas instantâneas dores da alma reluziam em nós pedaços de memória pedaços do esquecimento há fora de nós lições que só cabem aos outros há entre nós um trabalho de elevado fardo pensar, pensar, pensar…
foi a reinvenção subterfúgio dos caminhos foram as negações em lutas janelas para a esperança fez-se a vida pedaços de mim, de ti, pedaços de todos nós.
O PAÍS TEM RUMO
No silêncio incompreendido no barulho necessitado
Tem rumo o país nas lutas sem cessar nos olhos sem gula e pressa para agir país, para agir nação O país tem rumo na unidade e reconciliação das filosofias ideológicas das vontades há muito contraditas
Tem rumo o país
na definição de políticas educativas sob a venerada cultura local sob a economia de mercado fiscalizada
por quem? Quem? O país tem rumo na custa dos que pensam a favor e contra dos que estando aqui pensam aqui e estando lá pensam aqui
Tem rumo o país
nas críticas bem-vindas na utopia necessária na veneração da palavra na lembrança das almas de que o Eu é o Outro.
ESTRANHOS SENTIRES
A força que me entremeia a alma anula-me com desvelo ritmo o desejo a desarmar-me no olhar faz-se há muito familiar chama-me em dose excessiva com a pressa de si a insanidade fala nas horas quaisquer sem férias, nem lentidão um não dizer às almas atentas um escutar só de mim às vezes sinto que já estive aqui com a vida apegada à incerteza Sem a voz nem o silêncio apenas um estar aqui que me nublou dos pés à cabeça que me desfaz as estribeiras em casa e na rua fez- me refém ante os tempos incolores e abriu pra vida uma janela que não cabia nela. Fernando Jamba Adelino, in Textos extraídos.
Por: FERNANDO JAMBA ADELINO