Na embriogénese da Medicina Tradicional Chinesa, os conceitos de Yin e Yang são centrais. Todo o Universo encontra-se em estado de equilíbrio dinâmico, e seus componentes oscilam entre esses dois polos. Como um microcosmos dentro do macrocosmo, ao organismo humano e às suas distintas partes também são atribuídas as qualidades Yin e Yang.
POR: Luís Filipe
Essa visão dinâmica é básica para a estruturação teórica e prática da Medicina Tradicional Chinesa. O indivíduo saudável e a sociedade saudável são partes integrantes de uma grande ordem universal, e a doença é a desarmonia no nível individual ou social. O Yin e Yang brotam do vazio, a cuja essência chamamos Ch´an, que é a fonte de todas as manifestações da natureza humana, do pensamento da existência à criação do progresso da civilização.
O Ch´an, feixe de Luz, é conhecido como iluminação, a experiência do conhecimento de si mesmo e de todas as manifestações do Universo. Segundo a filosofia Chinesa, se a prática do Ch´an for seguida com firmeza, o homem pode atingir elevada percepção e sensibilidade, o que acaba determinando um estado mais evoluído e ideal, conhecido como o mundo da Não – Forma.
Mas existe um propósito na natureza que modela todos os processos de transformação, a partir das etapas de nascimento, crescimento, desenvolvimento, amadurecimento e envelhecimento, que é a ordem natural do Universo. A essa força única, onde se localiza a energia da vida, os mestres chineses chamam de Qi. Essa poderosa força que pode modificar, evoluir e transformar todos os processos da natureza, também chamamos de Consciência ou Ch´an.
À semelhança do Universo como um todo, o organismo humano é concebido pela Medicina Tradicional Chinesa como parte de um processo de contínuas, múltiplas e interdependentes flutuações, e seus padrões de saúde ou doença são descritos em termos de harmonia e / ou desarmonia do Qi. Os antigos textos da Medicina Tradicional Chinesa não estabelecem uma nítida separação entre o normal e o patológico, como ocorre na moderna Medicina Ocidental.
Para os chineses, tanto a saúde quanto a doença são consideradas naturais e parte de um processo contínuo. São aspectos de um mesmo processo, em que o organismo individual muda continuadamente em relação ao meio ambiente inconstante. Como a doença será, em dados momentos, inevitável no processo vital, a saúde perfeita não é o objectivo essencial do paciente ou do médico.
A finalidade da Medicina Tradicional Chinesa, é antes, realizar a melhor adaptação possível do indivíduo ao meio ambiente como um todo. Para se alcançar essa meta, o paciente desempenha um papel importante e activo. Na concepção chinesa, o indivíduo é responsável pelo auto- cuidado, pela manutenção de sua própria saúde e até, em grande parte, pela recuperação da saúde quando o organismo está desequilibrado. O médico participa desse processo, mas o paciente é o principal responsável.