A comunicação bemsucedida entre duas pessoas, sejam elas íntimas ou desconhecidas entre si, quer numa relação em presença, quer numa relação a distância, é uma transposição de sentidos negociados por meio de uma atitude cooperativa entre os interlocutores.
É bem verdade que num discurso, assim como num texto, pode aparecer mais de uma língua funcional, principalmente se se mudam as circunstâncias e factores (destinatário, objecto, situação).
Segundo Bechara (2009), todo falante de uma língua histórica é plurilíngue, porque domina activa ou passivamente mais de uma língua funcional, embora não consiga nunca saber toda a extensão de uma língua histórica; e o sucesso da educação linguística é transformá-lo num “poliglota” dentro de sua própria língua nacional.
A competência comunicativa remete para: A capacidade que um falante tem de produzir e interpretar enunciados de forma adequada, de adaptar o seu discurso à situação de comunicação, levando em consideração factores externos que o condicionam: o enquadramento espácio-temporal, a identidade dos participantes, a sua relação e os papéis que desempenham, os actos que realizam, a adequação às normas sociais.
(Cuq, 2003) Corroborando com o exposto acima, Figueiredo e Figueiredo (2001) abordam a competência comunicativa como sendo a capacidade possuída por um falante nativo a fim de produzir e compreender frases adequadas ao contexto, de acordo com as várias situações culturais e sociais.
Sendo a Linguística o estudo científico da linguagem, o uso de uma língua não se restringe ao domínio e à aplicabilidade das normas gramaticais, mas em ser capaz de usá-la de forma adequada ao contexto da comunicação, variando de discurso em situações necessárias, para se fazer entender por meio dos vários níveis de língua, do espaço-tempo, da faixa-etária e do nível de escolaridade.
Observamos que a Linguística, desde as teorizações de Saussure, tem a língua como objecto de estudo, entendida como sistema estrutural e como convenção social partilhada pelos usuários de uma determinada comunidade linguística historicamente concebida. No entanto, a competência da comunicação tem prevalecido sobre a mesma, pois nenhuma língua é intrinsecamente melhor ou pior do que outra e todo sistema linguístico é capaz de expressar adequadamente a cultura do povo que fala.
Para tanto, devemos examinar e analisar as línguas sem preconceitos sociais, culturais e nacionalistas. Todas as variedades de uma mesma língua devem ser aceites nos discursos de cada falante, pois fazem parte da capacidade da sua manifestação oral e escrita.
Referências bibliográficas
Bechara, E. (2009). Moderna Gramática Portuguesa. (37.ed.). Rio de Janeiro, Brasil: NovaFronteira. Cuq, J.P. (2003). Dictionnaire de Didactique du Français Langue Étrangère et Seconde. Paris: Clé Internationale. Figueiredo, E.B, e Figueiredo, O.M. (2001). Itinerário Gramatical, a Gramática na Língua e a Língua no Discurso. Porto: Porto Editora.