Inaugurando dia 12 de outubro a Casa da cidadania da língua, o músico Zeca Baleiro, subirá ao palco da principal sala de shows da cidade, o Convento São Francisco, para um espetáculo que promete ser muito mais do que um desfile de canções. Promete ser a primeira síntese da cidadania da língua.
No evento, intitulado “Na Ponta da Língua”, Zeca Baleiro, ícone da música popular brasileira, celebra os seus 26 anos de carreira e, mais do que isso, homenageia os autores portugueses que figuram no seu álbum “Canções d’Além-Mar” — com o qual ganhou um Grammy latino — mas que a pandemia quase deixou invisível.
Esse álbum é uma descoberta e uma declaração de amor à língua portuguesa, idioma tão diverso de sotaques e variedades unindo povos em quatro continentes.
A iniciativa da “Casa da Cidadania da Língua” encontra aqui, simultaneamente, o seu momento zero e palco ideal, um espaço onde a música transcende barreiras e atua como catalisador para a partilha cultural e linguística. Nesse contexto, o trabalho de Zeca Baleiro vai além do de um simples artista.
Ele o transforma em um embaixador da língua, capaz de sintetizar nessas canções, de forma exemplar, as diversas faces do idioma que nos une.
A sua breve colaboração com Sérgio Godinho, uma das grandes vozes da música portuguesa, só vem reforçar essa ponte transatlântica que ambos representam. Sendo impossível ignorar que hoje o existe um fluxo migratório ímpar para Portugal — lá vivem quotidianamente mais de 500 mil brasileiros — e que, Coimbra, sempre foi uma referência de qualidade cultural e até um desejo de consumo, a cidade, com sua histórica universidade e cultura ricas, quer ser um dos elos mais fortes entre os dois países.
Em tempos de incerteza e divisão, de guerra e conflitos, a mensagem que sairá desta noite poderá ser de uma importância ímpar. Uma língua, a portuguesa, falada por mais de 250 milhões de pessoas em todo o mundo, tem o poder de criar laços que se fortalecem além das fronteiras nacionais e continentais.
Ela é o veículo que coloca em pé de igualdade o norte e o sul, o passado e o futuro.Por isso este concerto de Zeca Baleiro em Coimbra não é só um evento musical, mas um marco na consolidação dessa cidadania da língua que hoje abre as portas das várias nações aos seus falantes.
No dia 12 de outubro, o grande auditório do Convento São Francisco, será mais do que um espaço de entretenimento ou o endereço da homenagem que Coimbra faz ao presidente do senado Brasileiro, Rodrigo Pacheco, entregando-lhe a sua medalha de ouro.
Nesse dia, na presença de escritores, diplomatas, artistas, empresários, políticos e demais “cidadãos da língua” de tantos países— de Luiz de Camões a Luiza Romão — Coimbra se constituirá como a verdadeira casa da cidadania da língua.
E nós estaremos lá, na ponta da língua e no centro coração, celebrando em conjunto esse momento histórico.
Por: JOSÉ MANUEL DIOGO