Saudações, director do Jornal OPAÍS! Noutras ocasiões, saudar-lhe-ia com a expressão “olá”, ou a mesma expressão na língua inglesa – “hello” -, mas, com a segunda, só não o faço pelo facto de saber que certos compatriotas meus não vão entender o termo na língua dos states.
Mesmo eu também tenho a sorte de saber o “hello”, pois, das milhares de vezes que estive numa aula de inglês, consegui captar esta saudação, senão… seria mais um dos que nada apanha nestas aulas, por achar que o inglês é um bicho de “seven heads”.
Ah, importa realçar que também faço parte de um grupo não muito grande de jovens que, tendo começado a fazer um curso de inglês, depois de algumas semanas, por falta de tempo ou de interesse, desistiu.
O importante é que sei falar “hello”. o que me deixa mesmo preocupado é que há quem não sabe falar sequer “I am good”, o que é estranho, porque estiveram, tal como eu, numa carteira a repetir as palavras de um “teacher” chato, com pouco salário. se eu consigo dizer hello, por que será que eles não conseguem?
Eu também não sei, cota, mas fico preocupado, porque há quem, diferente de mim, está a encher os bolsos (ainda que lentamente) por ter aprendido muito mais que um “olá” em inglês. Aliás, dizer olá é apenas uma forma de saudar pessoas e não de receber ou ganhar dinheiro.
Cá no gueto, por exemplo, falar calão parece que é mais divertido do que falar “língua dos outros”. os outros, nesse caso, são os mindele, ué. o engraçado é que também não vejo os irmãos “mbumbus”(além dos mais velhos) a dizerem “wazekelé” no lugar do hello.
Quando falam de dinheiro, por exemplo, raramente dizem “kitadi”, e preferem, ao invés disso, dizer kumbú (que se considera calão) ou até mesmo money (que é língua alheia). Já ouvi até que o inglês é uma língua imperialista e, por isso, certos irmãos “angopianos” não usam tal língua.
Mas está “fine”, eles valorizam muito o que é nosso e, por isso, assim o fazem. Mas, será que o dos outros não importa? e quando formos aos EUA, que língua vamos falar se não sabemos falar a língua dos outros? Agora que penso nisso, pretendo voltar ao curso de inglês.
só que estou ainda a pensar bem, o cota Trump não nos quer no seu país, então, talvez não seja importante aprender inglês. mas, não tem lá nada, na Inglaterra também falam inglês e lá não enchotam ninguém. Para além disso, há trabalhos aqui na banda que exigem saber falar inglês.
Afinal, vou mesmo voltar ao curso, cota. Uma palavra, duas e num dia qualquer vou enviar um texto e terá de ser traduzido, pois vou aprender mais “words”. mas até lá, eu acredito, todos nós falaremos mais do que um “hello”.
POR: Kandundu Manuel, Cazenga-Nocal