Há muito tempo que a educação enfrenta o desafio das distracções dos alunos. Antigamente, era o pião. No fundo da sala, girava enquanto o professor tentava explicar a tabela periódica. Depois vieram as cadernetas de cromos. Quem nunca trocou um cromo repetido durante uma aula de matemática que atire a primeira borracha.
A luta pela atenção sempre existiu. Os professores falavam de História e os alunos, de olhar perdido pela janela, viajavam nos seus próprios pensamentos. E então chegou o telemóvel. Um pequeno aparelho que cabe no bolso e nos leva para qualquer parte do mundo — e, claro, também para a sala do director.
Se antigamente a ameaça era uma bolinha de papel a voar pela sala de aula, hoje é um post no Instagram ou um vídeo engraçado no TikTok. Professores falam de geometria enquanto os alunos, discretamente, tentam fazer danças virais com a mão por baixo da mesa.
A prática evoluiu, mas o desafio mantém-se: como prender a atenção dos jovens? É curioso ver a rapidez com que a distracção se adaptou à tecnologia. Antes, para faltar a uma aula, era preciso um plano complexo, que envolvia convencer um colega a avisar que o professor ainda estava na sala dos professores.
Hoje, basta esconder o telemóvel por trás de um livro de geografia e navegar pelas redes sociais sem sair do lugar. Mas a verdade é que as distracções sempre existirão nas salas de aula, apenas mudam de formato. O que antes era rodar um pião, hoje é verificar as mensagens no WhatsApp.
Em vez de trocar cromos, partilham memes. A essência não muda, só mudam as ferramentas. E a solução? Ah, essa é a grande questão. Achar que proibir telemóveis resolve o problema é como pensar que trancar o armário impedirá a existência de cadernetas de cromos no recreio.
Quem se quer distrair, arranja sempre maneira. Cabe ao professor encontrar formas criativas para competir com este novo “adversário”. E quem sabe, em vez de lutar contra, usar a tecnologia a seu favor? Talvez a saída esteja em fazer o TikTok trabalhar em prol da educação.
Afinal, o desafio é antigo, só mudaram os meios. Porque se há algo que nunca mudou, é a habilidade dos alunos para encontrar novas formas de se distrair.
POR:Gregório José
Jornalista/Radialista/Filósofo