Caro director do jornal OPAÍS Nós, em Angola, já temos poucas passadeiras, aliás, temos pouca sinalização horizontal nas nossas estradas e a vertical normalmente é o alvo mais apetecido dos automobilistas de fim-de-semana.
Por: Joaquim Silva, Luanda
E como aqui quem derruba não paga, os sinais vão sendo derrubados como num concurso. Os sinais e os postes de iluminação, mas estes devem ser derrubados de raiva porque nunca dão luz. Então, as nossas passadeiras, algumas estão postas em locais de onde só podem ser vistas por quem venha a voar, encima das lombas. As outras parece que fazem com tinta de fuba, não demoram e desaparecem.
Mas há algumas que se safam. Poucas. Nessas poucas passadeiras que se safam, infelizmente o que vemos é arrepiante, até inventamos uma regra de trânsito perigosa que é ligar os quatro piscas quando parámos para deixar alguém passar. Ou seja, respeitar o direito do peão é algo de perigo na estrada.
Acho que faz muita falta a educação rodoviária na escola normal, porque as escolas de condução, pelos vistos, não ensinam que se deve respeitar a passadeira. Cada vez que páro para deixar alguém atravessar a rua, fico com o coração na mão, porque se o carro que vem atrás não bater no meu, ele vai desviar, acelerar e possivelmente atropelar o peão.
Será que os automobilistas não sabem o que é uma passadeira? Não sabem que o peão tem prioridade? Será que nunca andaram a pé, têm raiva de quem anda a pé? Ou é apenas falta de civismo mesmo? Este comportamento é de homens e mulheres, de todas as classes sociais, o que torna tudo ainda mais assustador. Homens e mulheres não dão passagem ao peão na passadeira mesmo tendo os seus filhos no carro. Que educação estão a transmitir?
A Polícia, se quer mesmo educar e caçar multas, porque o Estado está a precisar de dinheiro, é só posicionar-se ao lado das passadeiras. vai ganhar muito dinheiro. Os automobilistas angolanos têm de ser educados e responsabilizados, já passou a era da sensibilização. Tem de haver mão pesada. Tem de se acabar com a formação de terceiras e quartas filas no trânsito numa estrada com uma faixa em casa sentido.
É uma vergonha de manhã que na estrada do Rocha Pinto, por exemplo, aí perto da Força Aérea, temha que haver um polícia em cada passadeira para os peões poderem atravessar e o trânsito fluir. É o nosso comportamento que nos torna um dos povos mais atrasados do mundo.