Director do jornal OPAÍS, antes de mais lhe desejo votos de paz e bom trabalho nesta semana das festas. Obrigado pela oportunidade que me dá, pois o vosso espaço tem sido cada vez mais concorrido. Aproveito o momento para falar sobre um assunto que continua em voga na nossa sociedade há muito tempo.
Fiquei muito triste por saber que os jornalistas, que cobrem as sessões na Assembleia Nacional (AN), em Luanda, têm sido abandalhados. Penso que a direcção da AN desconhece o real papel da imprensa no processo da construção da democracia em Angola. Por isso, confinam os jornalistas numa sala sem condições, porque devem ficar somente pelas imagens internas. Esta atitude não é abonatória, porque, pelos valores que foram investidos na edificação da AN, não justifica colocar os jornalistas numa sala feitos sardinhas enlatadas.
Por esta razão, como cidadão, fi quei satisfeito ao ouvir às críticas do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, alegando que os jornalistas devem deixar de cobrir as sessões parlamentares. Isto, até certo ponto, faz sentido, porque, sem os profi ssionais o que se discute na AN não chega ao seu destinatário. Assim, a direclção da AN tem de ter uma postura mais cordata e perceber que os jornalistas devem trabalhar de forma livre, respeitando, como é evidente, o que está consagrado nas leis que regem este país. Por ser a casa das leis, a postura dos seus quadros deve ser mais educada, uma vez que engaja o próprio o país.
Os jornalistas não são animais, aliás também têm dignidade, as vezes, não se compreende as razões que leva as autoridades a ter tais procedimentos. Apesar de não ser jornalista, reconheço o trabalho feito por eles, e, se a AN não criar condições para o efeito, sou a favor do boicote. Numa sociedade em que se observam os princípios e deveres fundamentais, todos são iguais perante a lei. Na AN, os funcionários e os deputados não podem pensar que são superiores aos jornalistas. Só numa sociedade de gente baixa é que se pensa assim. Que pena! Está provado que o caminho a percorrer é longo, mas tenhamos paciência o processo de mudança pertence a todos. Viva os jornalistas.