Caro director, os meus cumprimentos calorosos desde a terra da Palanca Negra Gigante. Muito se falou sobre a manifestação de jovens de Malanje no dia 4 de Abril, o Dia da Paz e da Reconciliação Nacional. Naquele dia, a ideia que se passou foi a de que o povo de Malanje está contra o seu governador provincial.
Por: João Manuel Francisco, Malanje
Mas se é assim, então estamos contra todo o Governo porque o governador só pode gerir o orçamento que lhe é alocado. Naquele dia, na verdade, a maioria dos manifestantes eram jovens kupapatas, os motoqueiros.
O governo está a tentar pôr ordem na forma como eles trabalham e até a proteger as suas próprias vidas e das pessoas que eles transportam, porque muita gente tem sido vítima de acidentes em que as motas estão envolvidas. Meus caros, sou um pouco viajado e não vejo noutras partes a desordem que os nossos motoqueiros causam.
Mesmo aí em Luanda, todos sabem que os kupapatas andam como suicidas, não respeitam nenhuma regra de trânsito, entram em contramão, ultrapassam pela direita, não páram nos sinais, não obedecem à ordem dos polícias, ultrapassam toda a gente nas bombas de combustíveis, levam mais duas ou três pessoas numa mota.
E se provocam um acidente, agem logo em grupo. Atacam a outra pessoa, partem o carro. Então, tentar disciplinar esta classe para o bem da sociedade e para o seu próprio bem é errado? Todos temos de trabalhar em alguma coisa para ganhar o pão, mas com confusão de alguns ficamos todos a perder.
Apoio que eles se manifestem se estão a lhes tirar o pão, mas também acho que deviam fazer um exame de consciência e ver onde é que não têm razão. E a forma como se manifestaram, atirando pedras, só prova a confusão que eu disse que eles fazem.