Estimado director do jornal OPAÍS Uma cidade precisa de mobilidade, boas condições para as pessoas circularem. Antigamente as pessoas se visitavam. Os netos iam a casa dos avós, os jovens procuravam os amigos. Hoje, em Luanda, isto está cada vez menos possível.
Por: João Manuel Cassinda
Quanto muito visita-se as pessoas do mesmo bairro. E todas as desculpas servem. Porque a vida está difícil, porque as pessoas são egoístas. Mas eu acho que há um outro factor que pesa. Não temos transportes públicos. Sair de um bairro para outros implica sempre custos.
E o táxi não está barato. As pessoas fazem contas. Actualmente, nem nos fins-desemana as pessoas se visitam. Eu acho mesmo que é porque não temos transportes públiarquivo/ opa ís cos. Nos Sábados e Domingos, andamos pelas ruas e não vemos os autocarros a circular.
Nestes dias não há engarrafamentos, se houvesse transportes públicos com boas rotas e bons horários, as pessoas poderiam circular mais, visitarse, passear na cidade. Não entendo por quê não há autocarros na cidade nos finsde- semana. Entram todos de folga? A pessoa anda e sumiram os autocarros?!
Não há. Ficam a fazer manutenção? Nos dias da semana também não há. É uma pena porque ficamos todos dependentes dos táxis. As pessoas não circulam na cidade. Assim o comércio também sofre. Os restaurantes só podem ter os clientes do próprio bairro ou aqueles que têm carro próprio.
Não entendo como é que se fala de fazer subir a economia se se mantém toda uma cidade em casa. Mesmo para as praias não há autocarros aos fins-de-semana. Ou não querem as pessoas na cidade para não sujarem mais? Os jornalistas deveriam perguntar ao Governo provincial o que se passa, porque noutros países as famílias vão passear de transporte público, que trabalham até perto da meia-noite. aqui não.